Celso Sabino pede demissão do Ministério do Turismo – CartaCapital

Celso Sabino (União-PA) anunciou nesta sexta-feira 26 que deixará o cargo de ministro do Turismo após o ultimato do seu partido. Na semana passada, a sigla determinou que seus filiados entregassem os espaços no governo Lula (PT) sob pena de expulsão por infidelidade partidária. Ainda não se sabe quem sucederá Sabino no comando da pasta.

Antes de conceder entrevista à imprensa, o ministro reuniu-se com o presidente da República, no Palácio do Planalto, e entregou sua carta de demissão. No entanto, ficou acertado durante o encontro que Sabino ficará na pasta ao menos até a próxima quinta-feira 3, quando acompanhará o presidente em agenda oficial a Belém, capital do seu Estado, onde Lula inaugurará obras da COP30.

“Acredito no diálogo e que os homens públicos vão trabalhar pelo bem do País”, afirmou Sabino ao ser questionado se a situação ainda poderia ser revertida. “Vou seguir conversando com as lideranças do partido”. A permanência no cargo por mais uns dias ainda deve ser informada à cúpula do União.

Na semana passada, a demissão havia sido antecipada ao petista, como mostrou CartaCapital. A saída de Sabino do governo foi motivada por uma resolução editada pela Executiva Nacional do União Brasil, na quinta-feira 18, que determinava o desembarque. Filiados que não atenderem à normativa serão expulsos por infidelidade partidária, segundo o documento. A decisão considera indicações em “autarquias, fundações e empresas públicas, e sociedades de economia mista”, além dos ministérios.

O chefe do Turismo era uma voz quase solitária em seu partido na defesa do governo Lula e passou os últimos dias tentando um acordo para permanecer na gestão, sem sucesso. Cogitou-se a migração para o MDB, já que Sabino deseja concorrer ao Senado em 2026 com o apoio do presidente, mas as conversas não avançaram.

O desembarque do União Brasil do governo já era dado como certo, mas foi acelerado após a publicação de reportagens que tratam de uma suposta relação de Antonio Rueda com investigados na Operação Carbono Oculto, a mirar um grupo criminoso que usava fintechs para lavar dinheiro da facção criminosa PCC. Para o partido, as notícias eram “infundadas, prematuras e superficiais” e buscavam a “honra e a imagem” de Rueda. O chefe da sigla culpa membros do governo pelo vazamento das investigações.

Celso Sabino tem 44 anos e começou a carreira política como deputado estadual suplente em 2011, no Pará. Após atuar como secretário estadual de Trabalho, Emprego e Renda, ele se filiou em 2013 ao PSDB, partido pelo qual foi eleito deputado estadual em 2014. Já em 2018, com o apoio do tucano Aécio Neves, foi eleito deputado federal e, no ano seguinte, relatou proposta que rejeitou a expulsão de Aécio da legenda em meio a denúncias de corrupção na Lava Jato.

Em seu passado tucano, o deputado também criticou a decisão da então presidenta Dilma Rousseff de nomear Lula ministro da Casa Civil, quando enfrentava um processo de impeachment. Na legislatura passada, Sabino triplicou o seu patrimônio. Segundo dados da Justiça Eleitoral, em 2018 ele possuía um patrimônio avaliado em 1,5 milhão de reais. Já em 2022, durante a reeleição para o cargo, ele declarou bens na ordem de 4,4 milhões.

Entre os projetos apresentados por ele e relacionados à área do turismo estão os que defendem conceder os títulos de capital nacional do dendê e capital nacional do açaí aos municípios paraenses de Moju e Igarapé-Miri, respectivamente. Outra proposta visa criar uma Rota Turística Histórica Belém-Bragança, para “estimular o desenvolvimento econômico e social da Amazônia Atlântica”.

Celso Sabino é formado e Direito e Administração pelo CESUPA e pela Unama. Ele possui, também, doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na UMSA, da Argentina. A entrada dele no governo ocorreu em meio à enxurrada de críticas de parlamentares sobre a articulação do Palácio do Planalto com o governo. O ministro substituiu Daniela Carneiro (RJ).

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