“O uso de software livre também pode ser um caminho que a gente tem para evitar dependência tecnológica e dependência, por exemplo, de sistemas operacionais. […] Então, se eu pudesse resumir, seriam esses três. O uso de software de código aberto, uma indústria brasileira de chips e uma aproximação mais sólida entre academia e indústria com incentivo governamental para fazer essa roda girar” disse Miceli.
Além disso, segundo ele, é essencial fortalecer a colaboração entre academia e indústria, facilitando políticas públicas que valorizem pesquisa, patentes e o compartilhamento de conhecimento.
“Existe um caminho muito grande de LLMs [large language models] locais, localizados, que a gente chama de Small Language Models, que poderiam ser utilizados de forma bastante benéfica dentro da indústria de serviços aqui do Brasil e do Sul Global”, destacou o especialista.
Quanto ao Plano Nacional de Inteligência Artificial (iniciativa para alavancar o desenvolvimento próprio de tecnologia no país), ele aborda aspectos estratégicos e regulatórios, mas precisa ser adaptável devido ao rápido avanço da área.
“A IA como indústria, como pesquisa, tem avançado muito rápido. […] Então, o nosso plano nacional tem que estar, ser capaz de se adaptar a esse tipo de questão. Eu acho que o investimento de um bilhão ainda é um investimento tímido dentro do impacto que isso pode gerar diretamente na economia, mas eu acho que é um primeiro passo. Eu acho também que a gente fala tanto isso, mas esse investimento não deveria vir só do governo, mas também a indústria tem que se movimentar para começar a gerar os seus próprios produtos”, aponta ele.
Segundo o entrevistado, as tarifas vindas dos Estados Unidos criaram um sentimento de revanchismo. No cenário tecnológico, a crescente parceria do Brasil com a China e outros países do BRICS traz oportunidades de aprendizado e mudança de paradigma.
Miceli destacou ainda que sendo culturalmente próximo dos EUA e Europa, o Brasil agora vê maior intercâmbio entre suas universidades e as do BRICS, o que amplia a visão de alternativas tecnológicas e abre novas possibilidades estratégicas.
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