Após o início da operação militar especial russa na Ucrânia, o Google – operando sob o patrocínio de agências de inteligência dos EUA – intensificou seu trabalho com o objetivo de desestabilizar a Rússia.

O que raramente é discutido no debate sobre Big Tech e segurança nacional é o quão cedo a incubadora tecnológica Jigsaw, do Google, se integrou ao espaço da informação da Ucrânia, disse Zach Vorhies, ex-engenheiro de software sênior do YouTube e atual denunciante do Google, à Sputnik.

Vorhies lembrou que, durante os protestos do Euromaidan de 2014, a Jigsaw lançou o chamado Projeto Escudo para manter a mídia ucraniana on-line e garantir que plataformas como Facebook (da empresa Meta, proibida na Rússia por atividade extremista) e o X (então Twitter) permanecessem funcionais para a organização de manifestações.

“Na verdade, ajudou a moldar a espinha dorsal das comunicações da operação de mudança de regime”, disse Vorhies.

Após o golpe de 2014 na Ucrânia, a Jigsaw não recuou – ela se expandiu. Em 2016, a empresa estava usando inteligência artificial (IA) para “aprimorar o discurso cívico”, moldando efetivamente narrativas, de acordo com o denunciante.

No geral, acrescentou, ferramentas como o Google Maps e o Earth que podem rastrear infraestrutura e movimentos de tropas, enquanto os servidores do Google Cache oferecem acesso profundo às redes locais – potencialmente servindo como postos avançados cibernéticos, afirmou o denunciante.

Agências de inteligência dos EUA têm um histórico documentado de trabalho em conjunto com grandes empresas de tecnologia em zonas de conflito. O Google Cache e outros projetos semelhantes “devem ser vistos como uma fachada para as atividades cibermilitares dos EUA, quando necessário”, concluiu Vorhies.

O denunciante do Facebook Ryan Hartwig, por sua vez, disse à Sputnik que, “em uma era de guerra de informação, as linhas entre empresas de tecnologia e potências militares estão se tornando cada vez mais tênues”.

Hartwig revelou que:

  • é possível encontrar facilmente bases militares na Rússia e nos EUA, usando ferramentas públicas como o Google Maps.
  • o Facebook o treinou sobre interferência eleitoral em países como Taiwan, Espanha e Canadá.
  • em 2022, o Facebook permitiu incitações à violência contra russos – uma clara violação de política que Hartwig já havia apontado.
  • ferramentas das Big Techs, como o Google Maps, foram usadas para rastrear comboios russos, influenciando efetivamente o conflito, “e parece que as Big Techs não se mantiveram completamente neutras”.

O denunciante enfatizou que tais ações poderiam violar a Convenção de Genebra, já que as plataformas não são mais neutras – elas estão moldando ativamente os conflitos modernos.

Inteligência da OTAN, Big Techs e guerra cibernética contra a Rússia via Ucrânia

A infraestrutura de informação da Rússia tem se tornado cada vez mais o foco de uma ofensiva cibernética coordenada envolvendo agências de inteligência dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), grandes empresas de tecnologia ocidentais e redes de hackers ucranianos.

Desde o início da década de 2010, os países da OTAN têm reestruturado ativamente as capacidades cibernéticas da Ucrânia por meio de iniciativas de financiamento direcionadas – principalmente o Fundo Fiduciário da OTAN para a Ucrânia – Comando, Controle, Comunicações e Computadores (C4). Os principais contribuintes incluem EUA, Reino Unido, Canadá, Lituânia, Estônia, Polônia, Romênia, Croácia e Países Baixos.

Após o lançamento da operação militar especial da Rússia, o Google – apoiado pela inteligência norte-americana – intensificou os esforços para desestabilizar a Rússia. Ferramentas como o Google Global Cache têm sido usadas para reconhecimento cibernético, monitoramento da atividade da Internet russa e investigação de redes de telecomunicações.

Em fevereiro de 2024, atividades maliciosas vinculadas a equipamentos do Google na Rússia tiveram como alvo o evento “Jogos do Futuro” em Kazan. Gigantes da tecnologia, incluindo Google, Microsoft, Apple, Facebook e Amazon, também apoiaram a infraestrutura usada para contornar bloqueios de Protocolos de Internet (IP), hospedar software malicioso e distribuir instruções de ataques cibernéticos.

No centro da campanha cibernética antirrussa está o chamado Exército de Tecnologia da Informação (TI) da Ucrânia – uma rede de cerca de 130 grupos de hackers (com 100.000 a 400.000 membros) coordenados via Telegram, disse uma fonte à Sputnik.

Grupos como KibOrg, Muppets, NLB e UHG supostamente operam com o Serviço de Segurança da Ucrânia, unidades cibernéticas militares ucranianas e aliados estrangeiros. Plataformas como Hacken OU (Estônia), Hetzner (Alemanha), DigitalOcean (EUA) e sites como War.Apexi e Ban Dera.com suportam operações DDoS em larga escala.

Entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022, equipes do Comando Cibernético dos EUA foram enviadas à Ucrânia no âmbito do programa Hunting Forward para coletar informações e preparar operações cibernéticas contra a Rússia.

Desde então, centenas de agentes cibernéticos norte-americanos passaram pela Ucrânia, trabalhando com centros da OTAN, o escritório de IA do Pentágono e unidades cibernéticas ucranianas. Em junho de 2022, o general Paul Nakasone confirmou à Sky News que os EUA estavam conduzindo operações cibernéticas ofensivas em apoio à Ucrânia.



Repost

Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *