O pacote de benefícios passou a ter peso decisivo na escolha de vagas de emprego no Brasil. Um levantamento feito em agosto de 2025 com 231 profissionais de tecnologia, inovação, administração, finanças e desenvolvimento revelou que o trabalho remoto ou híbrido é o benefício mais valorizado, citado por 51,2% dos entrevistados.
A pesquisa foi realizada pela Icon Talent, especializada em recrutamento, e aponta ainda plano de saúde e odontológico de alto nível (quase 25%) e stock options e participação nos lucros (19,5%) como prioridades. Auxílio-educação e cartão de benefícios flexível somaram 2,5% cada. “O bom salário já não garante a atração de profissionais. Os benefícios se tornaram decisivos”, afirma Christina Curcio, CEO da Icon Talent.
Mudança de cultura
Segundo a executiva, a pandemia ampliou a percepção de valor do trabalho remoto. A COO da empresa, Janaina Lima, complementa que a pesquisa mostra uma “virada cultural” ao colocar a flexibilidade como prioridade. “Planos de saúde completos ocupam o segundo lugar, enquanto stock options e PLR reforçam a conexão entre esforço e recompensa”, diz.
Tendência internacional
Relatórios de Deloitte e PwC indicam que mais de 70% dos trabalhadores em mercados maduros priorizam flexibilidade e bem-estar em relação a salários. Já estudo da McKinsey mostra que companhias que oferecem stock options e PLR têm até 30% menos turnover. A expansão dos benefícios flexíveis também se confirma: o mercado deve movimentar mais de US$ 2 bilhões na América Latina até 2027.
Principais erros das empresas
A pesquisa também apontou falhas recorrentes nos pacotes oferecidos: benefícios engessados que não atendem a diferentes perfis, ofertas desconectadas da realidade dos trabalhadores (como estacionamento para quem usa transporte público), foco exclusivo em certos perfis familiares e ausência de escuta ativa.
Para Christina Curcio, companhias que insistem em pacotes tradicionais arriscam perder talentos. “Flexibilidade, bem-estar e participação nos resultados da empresa são fatores decisivos. O futuro das contratações está na personalização e no alinhamento com a vida dos trabalhadores.”