O Banco Central do Brasil (BC) divulgou nesta terça-feira (29/04) o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao segundo semestre de 2024. O REF é uma publicação semestral destinada a apresentar o panorama da evolução recente e as perspectivas para a estabilidade financeira no Brasil.
O BC considera que não há risco relevante para a estabilidade financeira. O Sistema Financeiro Nacional (SFN) permanece com capitalização e liquidez confortáveis e provisões adequadas ao nível de perdas esperadas. Além disso, os testes de estresse de capital e de liquidez demonstram a robustez do sistema bancário.
O financiamento à economia real continuou a acelerar no segundo semestre de 2024. No crédito bancário às pessoas físicas, a aceleração foi mais acentuada para financiamento de veículos e crédito não consignado. O crédito a pessoas jurídicas, por sua vez, acelerou para empresas de todos os portes, com aumento das contratações. As grandes empresas continuam beneficiando-se também do mercado de capitais, que permanece ganhando representatividade como fonte de financiamento.
As IFs indicam mais cautela no apetite ao risco em 2025. Não obstante o início do aperto monetário em setembro de 2024, o crédito às famílias persistiu acelerando em modalidades de maior risco e para tomadores com menor renda. Houve leve piora na qualidade das contratações do crédito não consignado e aumento do financiamento de veículos mais antigos e com entrada menor. No que tange às empresas, os critérios de contratação não se alteraram de forma significativa. A Pesquisa Trimestral de Condições de crédito, contudo, indica IFs com menor tolerância ao risco em 2025. Com efeito, os riscos relacionados à situação financeira de famílias e empresas continuam demandando a preservação da qualidade das concessões.
A rentabilidade do SFN segue melhorando, mas condições financeiras restritivas podem limitar avanços em 2025. A melhora é explicada principalmente pelo aumento do resultado de juros com operações de crédito – safras mais recentes com taxas mais altas e captações com menor custo – e pelo recuo da materialização de risco, que contribui para reduzir o custo com provisões. Esse avanço gradual deve continuar, porém com efeito mais moderado. Isso porque há expectativa de cautela na expansão do crédito, o endividamento de famílias e empresas está elevado, e o aperto monetário elevará o custo de captação.
O REF também traz avaliações sobre o sistema financeiro internacional e sobre as infraestruturas do mercado financeiro, e apresenta o resultado da pesquisa de estabilidade financeira. Além disso, os seguintes temas foram selecionados para esta edição: (i) Pesquisa de Estabilidade Financeira: riscos climáticos, (ii) Exposições de crédito em risco decorrentes de riscos climáticos físicos, (iii) Decomposição do custo do crédito e do spread, (iv) Indicadores de concentração, (v) Open Finance: impulsionando a competição, a inovação e a eficiência no sistema financeiro brasileiro, (vi) Efeitos do aumento de juros nos indicadores das empresas não financeiras, (vii) Avaliação da redução do buffer de conservação durante a covid-19 e (viii) Impacto do fim do overhedge na volatilidade cambial.
A partir de 2025, o REF passa a divulgar, na primeira edição de cada ano, a decomposição do custo do crédito e do spread, bem como os indicadores de concentração do SFN, anteriormente publicados no Relatório de Economia Bancária, que foi descontinuado conforme Resolução BCB nº 460, de 25 de março de 2025.
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