
O presidente Lula (PT) disse, nesta sexta-feira 24, que pretende priorizar dois temas na reunião que terá com Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, durante sua passagem pela Malásia, no próximo final de semana. A declaração foi dada em entrevista coletiva concedida pelo brasileiro para marcar o fim da sua viagem à Indonésia.
O primeiro tema a ser tratado com Trump, segundo Lula, é o tarifaço. O presidente disse que pretende mostrar ao chefe da Casa Branca argumentos que comprovam que as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros são um erro.
“Tenho todo interesse nessa reunião, tenho toda disposição em defender os interesses do Brasil e vou mostrar que houve equivoco nas taxações ao Brasil”, iniciou. “A tese pela qual se taxou o Brasil não tem sustentação em nenhuma verdade. Os Estados Unidos têm um superávit de 410 bilhões de dólares em 15 anos com o Brasil”, detalhou, mais adiante, o seu principal argumento.
O segundo tema que o Brasil pretende colocar na mesa de negociação, de acordo com Lula, é o fim das sanções a autoridades brasileiras, em especial os ministros do Supremo Tribunal Federal, alvo de punições como a Lei Magnitsky.
“Quero discutir um pouco a punição que foi dada aos ministros brasileiros da Suprema Corte, que também não tem nenhum cabimento”, afirmou. “A tese de que não se tem direitos humanos no Brasil porque está perseguindo um ex-presidente não tem nenhuma veracidade. Quem comete crime no Brasil é julgado e, se for culpado, é punido”, sustentou, em seguida, em referência ao argumento citado pelo governo Trump para justificar as sanções.
O Brasil, ainda segundo Lula, deverá ouvir demandas dos EUA em diferentes áreas. “Não existe veto a nenhum assunto”, sintetizou o petista. “Vai ser uma reunião livre, para poder dizer o que quiser e como quiser. E [o Brasil] vai ouvir o que quiser e o que não quiser também”, disse.
Lula, na conversa com jornalistas, listou alguns assuntos que acredita que Trump pode trazer à baila no encontro. “Podemos discutir de Gaza à Ucrânia, podemos discutir a Venezuela, materiais críticos e terras-raras“, exemplificou. “Podemos discutir qualquer assunto”, insistiu.
O presidente, por fim, afirmou que acredita no sucesso da reunião. “Como eu acredito muito na negociação, na relação humana, estou convencido que a gente pode avançar muito e voltar a uma relação civilizatória com os EUA”, destacou. “Se eu não acreditasse que é possível chegar a um acordo, não faria a reunião. Nunca participo de reunião que não acredito no sucesso”, reforçou mais adiante.
Apesar de tratar como certa a reunião, Lula evitou confirmar formalmente o encontro bilateral com o presidente dos EUA. A expectativa, ainda não oficializada, é de que a reunião ocorra no domingo 26 na Malásia, após a participação dos dois chefes de Estado na cúpula da ASEAN.
