
O empresário conservador Nasry Asfura, apoiado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi proclamado oficialmente o novo presidente de Honduras, três semanas após uma eleição marcada por uma diferença de votos apertada e por denúncias de fraude.
Asfura, 67, filho de imigrantes palestinos, derrotou por uma margem de menos de um ponto percentual o apresentador de TV Salvador Nasralla, também de direita, que exigia uma ampla recontagem de votos, diante de supostas irregularidades.
O plenário do Conselho Nacional Eleitoral “declara eleito pelo período de quatro anos o cidadão Nasry Juan Asfura Zablah”, destaca a resolução do órgão. Asfura obteve 40,1% dos votos, contra 39,53% para Nasralla e 19,19% para Rixi Moncada, candidata da presidente esquerdista Xiomara Castro.
O presidente eleito afirmou que não decepcionará o país durante seu mandato. “Honduras: estou preparado para governar. Não vou te decepcionar”, publicou na rede social X, onde agradeceu aos funcionários eleitorais que validaram a sua eleição.
O governo dos Estados Unidos saudou prontamente o anúncio do vencedor e ressaltou que ele ajudaria a conter a imigração ilegal. “Esperamos trabalhar com seu futuro governo para avançar em nossa cooperação bilateral e regional em matéria de segurança, acabar com a imigração ilegal para os Estados Unidos e fortalecer os laços econômicos entre os nossos dois países”, declarou o secretário de Estado americano, Marco Rubio.
Após o longo processo de apuração dos votos no país centro-americano, Rubio pediu a todos os lados para “respeitar os resultados confirmados, a fim de que as autoridades hondurenhas possam garantir rapidamente uma transição pacífica de autoridade”.
Asfura, empresário do setor da construção, assumirá o cargo em 27 de janeiro. Ele conquistou a Presidência em sua segunda tentativa, desta vez com o apoio de Trump, que, antes da votação de 30 de novembro, ameaçou cortar a ajuda a Honduras se os eleitores não votassem em seu candidato.
Violência e polarização
Asfura lembrou que os Estados Unidos são o principal parceiro comercial de Honduras e lar de 2 milhões de hondurenhos, que aportam com suas remessas um terço do PIB nacional.
O presidente eleito promete atrair investimentos estrangeiros para o país, de 11 milhões de habitantes, que ficou ainda mais polarizado após o processo eleitoral.
Asfura vai governar uma nação assolada com o narcotráfico e as gangues Barrio 18 e Mara Salvatrucha, que a presidente Xiomara Castro tentou combater com o apoio de um estado de exceção semelhante ao decretado em El Salvador. Assim como no país vizinho, organizações civis denunciam que a estratégia resultou em violações dos direitos humanos.
Embora o número de assassinatos tenha diminuído, Honduras ainda é um dos países mais violentos do continente, com uma taxa de 27 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2024.
Processo tortuoso
Ex-prefeito de Tegucigalpa, Asfura garantiu o apoio dos militares, que têm um papel-chave em Honduras, devido a um longo histórico de golpes de Estado.
A eleição de Asfura marca o retorno da direita ao poder após quatro anos de mandato de Xiomara Castro (de esquerda) e acentua o avanço de governos conservadores na região, após os giros de Chile, Bolívia, Peru e Argentina.
O processo foi marcado por denúncias de fraude feitas por Nasralla, do Partido Liberal, e por Moncada. A apuração preliminar foi interrompida várias vezes devido a problemas de informática. Em seguida, foi necessária a apuração de atas com inconsistências, que foi dificultada por queixas dos partidos que participaram como observadores.
A missão eleitoral da OEA, no entanto, descartou “indícios” de fraude, embora o secretário-geral da organização, Albert Ramdin, tenha dito nesta quarta-feira que “lamenta” o fato de a contagem dos votos não ter sido concluída. O CNE proclamou o vencedor após a apuração de 97,8% dos votos.
