CPI do INSS quebra sigilos de pessoas ligadas a sindicato alvo de operação da PF
O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho, decidiu ficar em silêncio durante depoimento à CPI mista do INSS nesta quinta-feira (9).
Conhecido como Milton Cavalo, o dirigente sindical foi alvo de uma operação deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quinta. A ação é um desdobramento das investigações sobre um esquema de descontos fraudulentos em benefícios previdenciários.
A defesa do presidente do Sindnapi afirmou que o direito ao silêncio “integral” foi garantido por uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Bruno Borragine, Milton Baptista de Souza Filho teve a casa arrombada nesta manhã e não tem “condições psicológicas” de responder às perguntas dos membros do colegiado.
“A maior defesa dele hoje, considerando a operação da Polícia Federal, é o silêncio”, declarou o defensor.
Até o momento, Milton Cavalo apenas se limitou a dizer que vai “comprovar a lisura das associações” que o sindicato presidido por ele realizou ao longo dos últimos anos, negando qualquer fraude em cadastros e descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões.
“Minha instituição estava comprometida e vai estar sempre comprometida com a verdade. Nós fomos a entidade que foi lá que começou e denunciamos esse tipo de prática de fraudes no INSS”, disse.
“É um sindicato que está há 25 anos na luta em prol dos aposentados, não é um sindicato que foi criado de fachada para lesar aposentados, pensionistas e idosos. Pelo que aconteceu hoje, não me sinto confortável para responder às perguntas dos senhores e senhoras”, acrescentou Milton Cavalo.
O relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), tentou um acordo para que o presidente do Sindnapi respondesse a perguntas que não pudessem incriminá-lo.
Por poucos minutos, o dirigente, que se recusou a assinar um termo de compromisso para dizer a verdade, respondeu que assumiu a presidência do sindicato após a morte do antigo presidente, em 2023, e afirmou que é casado.
O presidente do Sindnapi, Milton Cavalo, presta depoimento à CPI mista do INSS.
Geraldo Magela/Agência Senado
Após ser questionado se ele ou esposa eram sócios de empresas, Milton Cavalo disse que voltaria a ficar em silêncio.
Na sequência, o dirigente se recusou a responder quais são as missões e valores do sindicato. Ele também ignorou questionamentos sobre quantos associados e recursos foram recebidos pelo Sindnapi por meio de descontos em aposentadorias e pensões.
Entidade recebeu mais de R$ 500 milhões
PF realiza nova etapa da operação que apura fraudes no INSS
Em documento enviado à CPI, a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) afirma que, entre 2020 e 2025, o Sindnapi foi o terceiro maior destinatário dos descontos associativos debitados nas folhas de aposentados e pensionistas.
💰 Os dados apontam que, no período, a entidade recebeu cerca de R$ 507,5 milhões.
Além dos endereços pessoais de Milton Cavalo, o próprio Sindnapi foi alvo da operação da PF na manhã desta quinta. Antes de começar a colher o depoimento do dirigente, a CPI mista do INSS quebrou os sigilos bancário e fiscal de Milton Baptista de Souza Filho e de sua esposa.
O Sindnapi tem Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como vice-presidente. Ele não teve quebras de sigilo ou convocações aprovadas pela CPI e também não foi alvo da operação desta quinta.
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