AFP, AP, Reuters e BBC exigem que Israel permita livre acesso de jornalistas a Gaza – CartaCapital

As agências de notícias AFP, AP e Reuters e a rede britânica BBC lançaram nesta quinta-feira 24um apelo conjunto a Israel para “autorizar a entrada e saída de jornalistas em Gaza”, após mais de 21 meses de guerra.

“Os jornalistas enfrentam inúmeras privações e dificuldades em zonas de guerra. Estamos profundamente preocupados com o fato de que, agora, a fome ameaça sua sobrevivência”, afirmaram a Agence France-Presse, a Associated Press, a Reuters e a BBC News.

“Instamos mais uma vez as autoridades israelenses a permitirem a entrada e saída de jornalistas em Gaza. É essencial que os alimentos cheguem em quantidades suficientes à população local”, enfatizaram.

Os veículos de comunicação internacionais declararam-se “profundamente preocupados com a situação” dos seus jornalistas no enclave palestino, “que têm cada vez mais dificuldades em satisfazer as necessidades alimentares das suas famílias e as suas próprias”.

“Esses jornalistas independentes têm sido os olhos e ouvidos do mundo em Gaza. Agora, eles enfrentam as mesmas condições drásticas que a população que cobrem”, afirmaram.

Os relatos de jornalistas em perigo têm se multiplicado nos últimos dias em Gaza.

Segundo relatam, sofrem de fome extrema, falta de água potável e um crescente esgotamento físico e mental, o que os obriga, por vezes, a reduzir a cobertura da guerra, desencadeada em 7 de outubro de 2023 por um ataque sem precedentes do movimento palestino Hamas em Israel.

A ONU e uma centena de ONGs deram o alarme sobre a fome em Gaza, que também afeta seus próprios funcionários.

“Há meses assistimos impotentes a uma deterioração drástica” das condições de vida de inúmeros colaboradores da AFP, e “sua situação é hoje insustentável”, afirmou a agência em um comunicado na segunda-feira. Sua Sociedade de Jornalistas alertou ainda para o risco de “vê-los morrer”.

O governo israelense se defende, dizendo que não é responsável pela escassez de alimentos e que o Hamas dificulta a distribuição ou saqueia a ajuda para revendê-la, o que o movimento islamista nega veementemente.

“É uma situação difícil causada pelo Hamas”, disse na quarta-feira o porta-voz do governo israelense, David Mencer.

Pressão internacional crescente

Depois de impor um cerco total a Gaza em outubro de 2023, Israel voltou a bloquear o enclave costeiro palestino no início de março, o que foi parcialmente aliviado no final de maio.

Mais de dois milhões de habitantes de Gaza enfrentam grandes dificuldades para ter acesso a alimentos, medicamentos e combustível.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), uma organização independente norte-americana, juntou-se à pressão na quarta-feira.

“O mundo deve agir agora: proteger (esses profissionais), alimentá-los e permitir que se recuperem enquanto outros jornalistas chegam para estender-lhes a mão”, enfatizou a diretora regional do Comitê, Sara Qudah.

Desde o final de 2023, os únicos jornalistas que conseguiram entrar na Faixa de Gaza vindos do exterior o fizeram acompanhados pelo Exército israelense, e suas reportagens foram submetidas à censura militar.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras afirmou em 7 de maio que, desde o início do conflito em 7 de outubro de 2023, “o Exército de Israel matou cerca de 200 jornalistas, dos quais pelo menos 44 estavam no exercício de suas funções” na Faixa de Gaza.

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