O Partido Comunista da Venezuela divulgou um comunicado no qual não reconhece a vitória de Nicolás Maduro na eleição presidencial do último domingo 28. A legenda defende que as “forças genuinamente democráticas” se unam para respaldar a vontade popular expressa no pleito, “com uma clara intenção de mudança política”.
“Alertamos a opinião pública internacional de que, tal como o governo de Nicolás Maduro privou o povo venezuelano de seus direitos sociais e econômicos, hoje pretende privá-lo dos seus direitos democráticos”, diz a nota do PCV.
O partido cobrou do Conselho Nacional Eleitoral a divulgação de todas as atas de votação e instou as forças de segurança a não reprimirem os manifestantes que protestam contra Maduro.
A relação entre o PCV e o Partido Socialista Unido da Venezuela, de Maduro, é tensa. Os comunistas sequer apoiaram a candidatura do presidente no pleito deste ano.
“O XVI Congresso Nacional do PCV, reunido em novembro de 2022, ratificou a decisão de romper com a política antioperária, antipopular e antinacional do governo de Nicolás Maduro, que fez o povo venezuelano pagar pelas consequências da crise capitalista”, disse o PCV no início deste ano.
Em 2023, ao listar as razões para ter se distanciado do chavismo, o Partido Comunista mencionou um suposto desrespeito ao Acordo Unitário PSUV-PCV, assinado em abril de 2018, e a adoção de um “agressivo ajuste antipopular e ultraliberal”.
O PCV também denunciou supostas tentativas do governo de “sequestrar” a organização, como consta do comunicado em que os comunistas declararam não endossar a candidatura de Maduro em 2024.
“O país deve lembrar que, em agosto de 2023, a legenda do PCV foi sequestrada por ordem do próprio presidente Nicolás Maduro e entregue a este grupo de mercenários por meio de uma decisão judicial ilegítima da Câmara Constitucional do Tribunal Supremo de Justiça.”
Na ocasião, a Corte interveio no PCV e nomeou uma nova direção para o partido. A ação que levou à decisão alegava que a legenda “excluía as bases da organização”.