
Aos 29 anos, a engenheira e ativista Patrícia Zanella levou à COP30 um produto capaz de transformar a vida de milhares de mulheres: o primeiro maiô absorvente reutilizável do Brasil, com vida útil de até três anos. Cofundadora da EcoCiclo, startup que criou também o primeiro absorvente 100% biodegradável do país, Patrícia é uma das protagonistas da Brasil BioMarket, loja colaborativa do Sebrae instalada na Green Zone da conferência, e uma expoente do afroempreendedorismo.
“Eu queria uma alternativa para mulheres em situação de pobreza menstrual. Pensei em doar coletores, até que surgiu a ideia de desenvolver um absorvente biodegradável, de baixo custo e sustentável”, conta.
A EcoCiclo é liderada por três mulheres negras cientistas, Patrícia, Adriele Menezes e Helen Nzinga, e já impactou 17 mil mulheres em todo o Brasil com programas sociais e soluções de higiene menstrual sustentável. Apesar do avanço, a trajetória é marcada por obstáculos. “Ainda enfrentamos dificuldades de acessar determinados espaços por causa da cor da pele. Muitas vezes, subestimam nossa capacidade de inovar e fazer negócios”, relata Patrícia.
Afroempreendedorismo como pilar da justiça climática
A COP30 tornou explícito algo que movimentos negros afirmam há décadas: não existe justiça climática sem justiça econômica. Eraldo Santos, gerente adjunto da Unidade de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão (UEDI) do Sebrae, explica que negócios liderados por pessoas negras, especialmente mulheres, estão na linha de frente da bioeconomia, da economia circular e da inovação comunitária, pilares da transição verde na Amazônia e no Brasil. “Essas pessoas carregam barreiras econômicas, estruturais e históricas, mas, mesmo assim, inovam e geram impacto”, afirma Eraldo.
Sebrae intensifica ações e mira 2026 com política contínua para afroempreendedores
Na COP30, o Sebrae anunciou a ampliação de políticas voltadas para oafroempreendedorismo. Entre elas, calendário anual de feiras e eventos de mercado para aumentar o acesso a novos consumidores e canais, sobretudo para mulheres negras da economia criativa e bioeconomia; e o Fampe, fundo de aval para crédito, ajudando a romper uma das maiores barreiras enfrentadas pela população negra. “Temos perspectivas muito positivas para ampliar nosso portfólio e transformar o empreendedorismo em dignidade para a vida pessoal e profissional dessas pessoas”, ressalta Eraldo.
