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Sexto maior varejista alimentar do Brasil, com faturamento de R$ 17,4 bilhões em 2024, o Grupo Muffato executa um plano de expansão apoiado em duas premissas centrais: a força do modelo de atacarejo, que conquistou o consumidor brasileiro, e um investimento contínuo na modernização e inovação de suas lojas.

Em termos geográficos, a ofensiva do grupo paranaense se dá em duas frentes: ao mesmo em que consolida sua presença no Paraná, quer avançar em São Paulo, estado vizinho, visto como um “universo de oportunidades”.

Hoje a empresa opera 105 lojas no Paraná e São Paulo, das quais 58 no formato de atacarejo. E projeta encerrar o ano com a adição de 17 novas unidades, sendo 13 da bandeira Max Atacadista, e empregando cerca de 27 mil colaboradores.

A estratégia envolve tanto crescimento orgânico, com a abertura de novas lojas, quanto aquisições estratégicas que permitem a entrada em mercados-chave.

Novas aquisições não são descartadas, desde que estejam dentro da área geográfica de atuação e que possam ser encaixadas na transformação para as bandeiras do grupo. A mais recente foi a compra de um supermercado em Pato Branco, no Sudoeste do Paraná. A loja estreou com a bandeira SuperMuffato no fim de março.

Os executivos Ederson e Everton Muffato: grupo mira expansão em São Paulo e consolidação no Paraná. (Foto: Marcelo Andrade/Especial para a Gazeta do Povo)

Conquista de São Paulo: o maior desafio estratégico do Grupo Muffato

Os executivos do Grupo Muffato não hesitam em descrever São Paulo como um “universo de oportunidades”. A justificativa para tal otimismo é matemática e demográfica: a população paulista equivale a quatro vezes a do Paraná, estado de origem do grupo.

O diretor Everton Muffato oferece uma comparação que dimensiona esse potencial de forma eloquente: o bairro do Butantã, na zona oeste da capital paulista, tem população semelhante à da cidade de Londrina, no Norte do Paraná. Enquanto Londrina tem 16 lojas do grupo, o bairro paulistano conta com apenas uma, evidenciando o vasto campo para crescimento.

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O movimento decisivo para fincar bandeira nesse mercado competitivo foi a aquisição, em 2023, de 18 lojas da rede atacadista Makro, do grupo holandês SHV. Foi o maior negócio do varejo brasileiro naquele ano.

A transação veio acompanhada de desafios significativos. O principal deles, segundo os diretores, foi a necessidade de adaptar o modelo de negócio da empresa às diversas culturas regionais dentro do próprio estado de São Paulo.

Ederson Muffato diz que há uma distinção clara entre o consumidor da capital, que valoriza a eficiência e a rapidez, e o do interior, que busca uma relação interpessoal mais próxima e afetiva. Somam-se a isso as complexidades logísticas, a forte concorrência e a dinâmica de uma metrópole como São Paulo, que transformaram a integração das novas equipes em uma “jornada de aprendizado”, segundo os executivos.

Apesar dos obstáculos, o desempenho das lojas adquiridas superou as expectativas, validando a aposta estratégica. A proposta levada ao mercado paulista foi a de um “atacarejo diferenciado”, que transcende o modelo tradicional de abastecimento ao incorporar serviços como açougue e um mix de perecíveis, visando também a experiência de compra do consumidor final.

Com a porta de entrada consolidada, a estratégia agora se volta para o crescimento orgânico. O grupo planeja expandir ativamente a bandeira Max Atacadista em cidades como Marília, Sorocaba, São José do Rio Preto, Votuporanga e Olímpia, fortalecendo sua presença em praças onde já atua e explorando novos mercados com alto potencial.

Paraná: base sólida e laboratório de inovações do Muffato

À medida que a ofensiva avança em São Paulo, o Grupo Muffato não apenas consolida sua forte presença no Paraná, mas também a utiliza como um laboratório para seus planos de modernização.

Um dos alvos prioritários é Curitiba e Região Metropolitana, onde a empresa planeja inaugurar dez novas lojas nos próximos dois anos. A avaliação interna é que ainda existem muitas oportunidades em bairros da capital e em cidades do entorno onde a rede não tem uma presença consolidada.

Segundo Ederson Muffato, “muitos negócios para essa expansão já estão fechados ou em análise”. O foco principal, nesse caso, é na bandeira de varejo SuperMuffato.

Outra parte crucial dessa consolidação envolve a transformação de quatro pontos de venda icônicos adquiridos do Carrefour em Curitiba e que operavam com a bandeira Nacional, de origem gaúcha.

Os locais, reconhecidos por sua história e localização privilegiada, passarão por uma reforma quase completa, mantendo apenas as estruturas prediais. O restante será 100% novo, alinhado ao conceito de “nova geração de lojas”, que prioriza a praticidade, a oferta de serviços e uma alimentação focada em saúde e conveniência.

A operação ainda precisa passar pelo aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão ligado ao Ministério da Justiça e responsável por avaliar as condições de concorrência no mercado.

O conceito de “nova geração” já é uma realidade em lojas de Curitiba e Londrina, que servem como berços de inovação para o grupo.

A unidade do bairro Santa Felicidade, por exemplo, incorpora tecnologias de varejo e conceitos de neuromarketing para aprimorar a jornada do cliente, enquanto outras lojas na capital já operam com caixas de autoatendimento. Na loja de Alphaville, em Londrina, o foco está na “diarização” da compra, oferecendo soluções rápidas para o consumidor moderno.

Para Ederson Muffato, o segredo é “equilibrar a interação tecnológica com a relação humana, algo valorizado pelo consumidor brasileiro”.

Paralelamente, a expansão do atacarejo continua com força no estado. Novas unidades da bandeira Max Atacadista estão previstas para a zona sul de Curitiba e cidades como Castro, Umuarama, Guaíra e Foz do Iguaçu..

Tecnologia e sustentabilidade são pilares

A inovação e a tecnologia não são tratadas como projetos isolados, mas como pilares fundamentais da estratégia do Grupo Muffato. “Não temos medo de ser pioneiros, mesmo que isso envolva erros”, afirma Ederson Muffato, refletindo uma cultura empresarial que valoriza a experimentação.

A veia pioneira é demonstrada por marcos como o lançamento do e-commerce do grupo em 1999, muito antes de se tornar uma tendência consolidada. A aplicação da tecnologia é dual: no SuperMuffato, o foco é a experiência do cliente; no Max Atacadista, a ênfase recai sobre a eficiência do backoffice, como logística e reposição de estoque.

Olhando para o futuro, Everton Muffato aponta a inteligência artificial como uma força que mudará fundamentalmente o varejo, desde a previsão de consumo até o relacionamento com o cliente.

A sustentabilidade é outro pilar que evoluiu de uma série de iniciativas para uma política corporativa consolidada. Há anos o grupo adota práticas como coleta seletiva, programas de reciclagem, reuso de água e uso de gases refrigerantes menos poluentes

Agora, o grupo avança em seu projeto mais ambicioso na área: é ter uma fazenda solar própria de grande porte. O objetivo é alcançar uma parcela relevante de autossuficiência energética.

A lógica de negócio, explicada pelos executivos, é que para um grande consumidor de energia é mais rentável construir uma grande usina em regiões de alta incidência solar, como o Nordeste, do que instalar painéis em todos os telhados. De todo modo, o grupo já tem usinas em telhados, como a da loja Max Atacadista em São José do Rio Preto (SP), com 2,8 mil placas fotovoltaicas, e adquire energia limpa do mercado livre.

A cultura de eficiência energética, incorporada a todos os novos projetos e reformas, já apresenta resultados concreto para o grupo: um ganho energético que varia de 25% a 44% em lojas novas ou modernizadas, o que se traduz em redução de custos operacionais e maior competitividade.

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