
Os Correios apresentaram nesta segunda-feira 29, em Brasília, o Plano de Reestruturação 2025-2027. A iniciativa vem em meio a prejuízos acumulados que ultrapassam 10 bilhões de reais desde 2022 e busca restabelecer a liquidez da estatal no curto prazo para preparar um novo modelo de negócios a partir de 2027.
A primeira fase emergencial do plano tem como foco a recuperação do caixa até março de 2026. Para isso, a estatal firmou um contrato de empréstimo de 12 bilhões de reais com cinco bancos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander) com garantia da União. Segundo o presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, a operação é essencial para evitar um agravamento das perdas. “Sem intervenção, o resultado seria de 23 bilhões de reais de prejuízo em 2026”, afirmou. De acordo com ele, o crédito “vai permitir adimplência, recuperar qualidade da operação e retomar confiança”.
Os recursos serão usados prioritariamente para quitar obrigações em atraso, como salários, precatórios e dívidas com fornecedores, permitindo que a empresa volte a operar de forma regular. O plano estima que o montante total necessário para a reestruturação alcance 20 bilhões de reais.
A segunda fase, prevista para 2026 e 2027, concentra-se na reorganização estrutural da estatal. Entre as principais medidas estão a implementação de um Programa de Demissão Voluntária para até 15 mil empregados, cerca de 17% do quadro, a revisão de cargos de média e alta remuneração e a reavaliação de benefícios como planos de saúde e previdência. A empresa estima uma economia anual de 2,1 bilhões de reais com despesas de pessoal.
O plano também prevê o fechamento de aproximadamente mil unidades físicas consideradas deficitárias e a otimização da malha logística. Paralelamente, a estatal aposta na venda de imóveis ociosos, com potencial de gerar 1,5 bilhão de reais, e na ampliação de parcerias com o setor privado, que podem acrescentar cerca de 1,7 bilhão de reais em novas receitas anuais.
Somadas, as medidas da fase de reorganização devem gerar um impacto positivo de 7,4 bilhões de reais por ano no caixa da empresa. Rondon ressaltou que o objetivo não é privatizar a estatal. “Não há olhar de privatização, mas de parcerias com setor privado”, disse durante a coletiva.
Na terceira etapa, a partir de 2027, os Correios pretendem discutir a sustentabilidade de longo prazo do negócio, incluindo a contratação de uma consultoria externa para revisar o modelo organizacional e societário. Segundo o presidente, o desafio está em adaptar a empresa a um cenário em que as cartas perderam relevância e as encomendas passaram a ser a principal fonte de receita. “O modelo tradicional de correios sofreu essa inflexão, o que aconteceu também no resto do mundo”, afirmou.
