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A defesa do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master preso nesta semana durante a operação Compliance Zero, da Polícia Federal, negou neste sábado (22) as irregularidades apontadas na investigação em contratos de carteiras de crédito vendidas ao Banco Regional de Brasília (BRB) por R$ 12 bilhões. As operações despertaram a desconfiança do Banco Central, que apontou a possibilidade de que não havia lastro financeiro.

O banco foi liquidado extrajudicialmente um dia depois de Vorcaro ser preso quando se preparava para embarcar para os Emirados Árabes Unidos, em São Paulo, para supostamente fechar a venda da instituição por R$ 3 bilhões. Para as autoridades, no entanto, ele estaria tentando fugir do país.

Na explicação divulgada neste final de semana, a defesa de Vorcaro nega que o banco tenha cometido irregularidades nas negociações com o BRB e afirmou que a aquisição de carteiras de crédito de terceiros é uma prática habitual no mercado. Afirmou, ainda, que o Banco Central tinha ciência das operações que vinham ocorrendo desde o ano passado.

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Segundo o Master, esses agentes terceiros eram os responsáveis por reunir documentos, checar dados dos empréstimos consignados e comprovar a regularidade das operações perante órgãos públicos e pagadores. A instituição diz que isso está previsto contratualmente e que o banco não tinha controle direto sobre a origem dos empréstimos incluídos nos pacotes vendidos.

“Como as Cédulas de Crédito Bancário (CCB) já tinham sido efetivamente geradas, o Banco Master podia montar a carteira e fazer a cessão ao BRB, até porque havia uma série de garantias contratuais que protegiam ambas as partes e permitiam a substituição ou a recompra de eventuais carteiras não performadas. Todas as carteiras cedidas foram devidamente registradas na B3”, afirmou em nota.

O banco afirma ainda que, quando percebeu que parte da documentação entregue por terceiros não seguia o padrão, tomou medidas imediatas para corrigir o problema. Segundo a própria defesa, o Master “de boa-fé, procedeu à substituição das carteiras originadas por terceiros […] e iniciou processo de recompra do saldo remanescente”, evitando prejuízo ao BRB.

O Master alega que, na prática, o BRB terminou com um conjunto diferente de ativos, sem relação com as carteiras citadas na investigação. De acordo com uma nota pública do BRB divulgada na noite desta sexta (21), mais de R$ 10 bilhões em títulos supostamente irregulares já foram liquidados ou substituídos.

“Dos R$ 12,76 bilhões divulgados pela imprensa, e referentes à exposição bruta de carteiras com documentação fora do padrão exigido, mais de R$ 10 bilhões já foram liquidados ou substituídos, e o restante não constitui exposição direta ao Banco Master”, pontuou o BRB.

A defesa do Master afirma, ainda, que essa informação foi confirmada pelo Banco Central em ofício enviado à Polícia Federal, destacando que o BRB já trocou cerca de 85,5% dos créditos originados por terceiros. Para a instituição, isso desmonta a narrativa de prejuízo bilionário e demonstra que o risco foi mitigado antes mesmo da operação policial.

A preocupação com as finanças dos dois bancos foi reforçada após se descobrir que fundos de pensão de servidores estaduais e municipais de várias localidades brasileiras adquiriram títulos do Banco Master, entre eles o Rioprevidência de R$ 960 milhões.

O Banco Master completou a defesa afirmando que as medidas judiciais impostas foram “injustas e desnecessárias” e acabaram levando à liquidação extrajudicial da instituição no momento em que a venda estava fechada e protocolada no Banco Central.

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