Salvador não é uma cidade qualquer, não adianta só fazer zeladoria – CartaCapital

De prefeito biônico a eleito em Salvador com mais de 61% dos votos, Mário Kertész traça um panorama do poder no Brasil em sua autobiografia Riso—Choro. O livro, lançado este ano, serve como um espelho para a política nacional e ajuda a desvendar a história recente do Brasil.

Para Kertész, os prefeitos atualmente não entendem as características únicas que uma cidade como Salvador tem. “Se você parte desse princípio de que Salvador não é uma cidade qualquer, você entende que ela tem que ser tratada como uma cidade especial”, disse em entrevista a CartaCapital.

“As coisas ficam mais naquela zeladoria. Vamos tapar buracos, vamos permitir a expansão imobiliária, porque ajuda a renda da cidade, vamos abrir mais espaço para automóveis. E, para a grande massa, que é a massa que elege mesmo, nós vamos tratar bem com um presentinho aqui, um outro ali, uma afago aqui, um outro ali”, comentou.

O radialista diz esperar que a primeira capital do Brasil tenha um ‘ressurgimento cultural’. “Tivemos isso com Edgar Santos, eu tinha ao meu lado Gilberto Gil como secretário de cultura e outras figuras como Antônio Risério, Roberto Pimentel, João Santos, João Filgueiras Lima, Lelé. Eles viam a cidade com esses olhos que ela merece. Isso hoje não existe”, completou.

Nomeado “prefeito biônico” em 1979 pelo então governador Antônio Carlos Magalhães – que, por sua vez, também foi nomeado pela ditadura militar –, Mário enfrentou a ira de ACM após romper com seu padrinho político. “Ele jogou pesadíssimo comigo. Muito, não é pouco não. Ser adversário dele não é fácil. Eu fui e segurei a onda”.

“Em certo momento ele disse que eu tinha assinado o meu atestado de óbito político ao romper com ele. Mas depois Eliana [Kertész, ex-esposa] teve uma vitória expressiva como vereadora e eu fui eleito prefeito”, conta.

Veja a íntegra da entrevista:

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