O governo Lula (PT) prestará na próxima sexta-feira 14 uma homenagem póstuma ao ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Luiz Carlos Cancellier, com a entrega da medalha da Ordem Nacional do Mérito Educativo.
A cerimônia ocorrerá no Palácio do Itamaraty, em Brasília. A medalha se destina a pessoas que se distinguiram por serviços excepcionais prestados à educação.
Em 14 de setembro de 2017, no auge do lavajatismo, Cancellier foi preso com outros seis professores em uma operação da Polícia Federal chamada Ouvidos Moucos. Foi solto no dia seguinte, mas proibido de frequentar a universidade.
Cau, como era conhecido, voltou à UFSC 19 dias depois em um caixão, após se suicidar. No bolso, um bilhete: “A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade!!!”.
A investigação não demonstrou qualquer participação do reitor no desvio de recursos.
Em entrevista a CartaCapital em 2022, o jornalista Paulo Markun, autor do livro Recurso Final: A Investigação da Polícia Federal que levou ao suicídio de um reitor em Santa Catarina, afirmou ter decidido escrever a obra para tentar entender como a PF alegou que havia em ação uma quadrilha que teria roubado 80 milhões de reais.
Markun ressaltou que o acórdão mais recente do Tribunal de Contas da União menciona possíveis irregularidades sobre uma fração de 3% dos 80 milhões. Desse montante muito inferior ao valor inicialmente difundido, só 8% teriam sido pagos na gestão de Cancellier — sem jamais se demonstrar qualquer envolvimento dele.
“Foi uma leviandade imensa propagada por nós, jornalistas. Nós é que fizemos isso, comprando sem colocar em dúvida a versão que tinha sido apresentada”, lamentou o autor do livro, lançado pelo selo Objetiva da Companhia das Letras.