Governo tenta evitar derrota e Motta adia votação após impasse sobre a PF – CartaCapital

A votação do Projeto de Lei Antifacção, que estava prevista para esta terça-feira 11, foi adiada para a quarta 12, após um dia de intensas articulações entre o Palácio do Planalto e o Congresso. O governo Lula (PT) tenta reduzir o risco de derrota em plenário e conter o desgaste provocado pelas mudanças promovidas pelo relator, Guilherme Derrite (PP-SP), no texto original do Executivo.

Por isso, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), retirou o projeto da pauta após constatar a falta de consenso entre os líderes partidários. Motta ainda deve se reunir com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, nesta terça para costurar uma redação que concilie as demandas da base e as garantias de autonomia da Polícia Federal.

No Palácio do Planalto, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, convocou uma reunião de emergência com os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP). O encontro busca definir a estratégia diante do impasse e coordenar uma reação contra pontos do relatório que, segundo o governo, enfraquecem o papel da PF e criam brechas perigosas ao equiparar facções criminosas a grupos terroristas.

Nos bastidores, o Planalto avalia mobilizar sua base e congressistas aliados para reforçar a crítica ao texto de Derrite. A ideia é expor o caráter político da disputa e recuperar o controle do debate público em torno da proposta.

Mesmo após recuar e restituir parte das competências da PF, Derrite não conseguiu dissipar as resistências. A nova versão de seu relatório autoriza a Polícia Federal a atuar de forma integrada com as polícias estaduais, mas mantém condicionantes que, na avaliação de integrantes do governo, reduzem a autonomia operacional da corporação. O próprio diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, classificou o relatório anterior como “inaceitável” e “inconcebível”, e continua a acompanhar as negociações com preocupação.

Enquanto o governo tenta reorganizar sua articulação, líderes da Câmara admitem que o clima ainda é de impasse. Para integrantes do centro e da base aliada, será difícil votar o projeto sem um novo entendimento entre o Planalto e o relator. Até lá, a expectativa é que o texto receba mais ajustes, em um esforço para evitar que uma proposta originalmente apresentada pelo governo seja aprovada em versão contrária a seus próprios interesses.

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