As Estatísticas de Pagamentos de Varejo e de Cartões no Brasil relativas ao primeiro semestre de 2025 estão disponíveis no Portal Brasileiro de Dados Abertos do Banco Central do Brasil (BCB). Foram compiladas informações enviadas pelos diversos participantes do mercado referentes ao uso dos instrumentos de pagamento no país, ao mercado de cartões de pagamento e aos canais de acesso às transações bancárias, além de informações coletadas das infraestruturas operadas pelo BCB. Em relação às transações de pagamento utilizando dinheiro (em espécie), as estatísticas contemplam apenas os dados de saques.
No primeiro semestre de 2025 , as transações de pagamento continuaram apresentando crescimento, tanto em termos de quantidade de transações quanto de volume financeiro. Atingiu-se, nesse período, a totalidade de 72,5 bilhões de transações e montante financeiro de R$ 59,7 trilhões. Os dados representam um crescimento de 15,2% na quantidade de transações e de 14,5% no volume transacionado em comparação ao primeiro semestre de 2024.
Uso dos Instrumentos
Grande parte do aumento da quantidade total de transações de pagamento verificado no primeiro semestre de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior, se deu pelo crescimento expressivo na utilização do Pix, de 27,6%. O Pix, que é hoje o instrumento mais utilizado, foi responsável por 50,9% das transações efetuadas no primeiro semestre de 2025, atingindo 36,9 bilhões de transações naquele período.
Em relação ao Pix, 89,2% de suas transações são liquidadas no Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), infraestrutura operada pelo BCB. Tomando as transações liquidadas no SPI no primeiro semestre de 2025, 45% ocorreram entre duas pessoas físicas e 42,1% se deram entre uma pessoa física (pagador) e uma pessoa jurídica (recebedor). Os pagamentos de pessoas jurídicas a pessoas físicas ou a outras pessoas jurídicas somaram 12,5%, enquanto as transações envolvendo entes do governo totalizaram 0,4%.
O mercado de cartões apresentou continuidade nos ritmos de expansão nas modalidades de crédito (+9,7%) e pré-pago (+8,9%), enquanto o cartão de débito se manteve praticamente estável (-0,1%). Juntos, respondem por 34,3% da quantidade total de transações efetuadas, com 24,9 bilhões de transações no primeiro semestre de 2025.
Volumes Transacionados
O instrumento de pagamento com maior participação percentual em volume financeiro transacionado continuou sendo o das transferências interbancárias realizadas por meio da TED, com 37,1% de participação, seguido pelo Pix, com 26,5% do valor total transacionado no primeiro semestre de 2025.
Dentre os cartões, o que mais cresceu em termos de volume financeiro, se comparado ao primeiro semestre de 2024, foi o da modalidade de crédito (+14,2%). Esse é também o cartão com maior participação no volume financeiro transacionado considerando somente os instrumentos de pagamento cartões (69,3%). O cartão de crédito é também o instrumento com maior número de emissões, com 243 milhões de cartões ativos ao final do primeiro semestre de 2025, enquanto o de débito e o pré-pago tinham 159,3 milhões e 74,3 milhões, respectivamente.
A análise da evolução dos volumes financeiros transacionados por outros instrumentos demonstra ainda que o boleto continuou apresentando crescimento, tendo aumentado seu valor transacionado em 4,6% no mesmo período de análise dos demais instrumentos, representando 8,1% do volume total das transações. Enquanto isso, o cheque teve uma queda de 16,5% no seu volume financeiro, perfazendo 0,6% do valor total transacionado no primeiro semestre de 2025, com 73,4 milhões de cheques emitidos e valor médio de R$ 4,7 mil.
TIC e Taxa de Desconto
As Tarifas de Intercâmbio (TIC) médias praticadas no mercado de cartões no primeiro semestre de 2025, para a remuneração dos emissores nos arranjos débito e pré-pago, se mantiveram praticamente estáveis, próximas aos limites máximos definidos pela Resolução BCB nº 246, de 2022, de 0,50% e 0,70%, respectivamente. A TIC média observada nos arranjos de crédito foi de 1,68%, um pouco superior se comparada às médias de TICs do primeiro semestre de anos anteriores (1,60% em 2023 e 1,64% em 2024). Esse aumento na TIC dos cartões de crédito pode ser parcialmente explicado pelo aumento da emissão de cartões considerados “premium” (platinum e superiores), que de maneira geral possuem TIC maiores e que somavam 58,3 milhões de cartões ativos no fim do primeiro semestre de 2025 ante a 50 milhões no mesmo período do ano anterior, o que representou um crescimento médio de 16,7%. No mesmo período de comparação, o cartão de crédito da categoria básico nacional apresentou redução de 24,5% na sua quantidade de cartões ativos.
Considerando os primeiros semestres de 2023, 2024 e 2025, observa-se redução gradual nas taxas praticadas para aceitação dos instrumentos no comércio (taxa de desconto ou MDR – do inglês Merchant Discount Rate), tanto para o cartão de crédito (de 2,32% para 2,22% e, por fim, 2,16%) quanto para o de débito (de 1,14% para 1,10% e, por fim, 1,08%).
Forma de captura
A captura de transações por aproximação (contactless), a mais utilizada nos pagamentos por cartões, atingiu 37,5% da quantidade de transações no cartão de crédito, 47,2% no cartão de débito e de 63,2% no pré-pago, no segundo trimestre de 2025. Com relação ao volume financeiro transacionado, tal tecnologia é a de maior proporção no pré-pago (55,9%), sendo que a captura presencial com chip inserido e senha ainda detém maior participação no volume financeiro transacionado no crédito (38,9%) e no débito (56,0%).
As transações pela internet representaram 21,9% das transações do cartão de crédito no segundo trimestre de 2025, período em que elas foram 9,8% das transações de cartão de débito e 7,0% das de cartão pré-pago. Já no volume financeiro transacionado, a captura pela internet foi responsável por 26,9% do volume das transações de crédito, 5,1% das transações de débito e 3,9% do pré-pago.
No caso do cartão de crédito, observa-se também um aumento gradual das transações relativas a pagamentos recorrentes (aquelas que geram pagamentos periódicos como por exemplo a assinatura de serviços de streaming ou a mensalidade de academias de ginástica). No segundo trimestre de 2025 elas foram responsáveis por 10,2% da quantidade de transações e 6,4% do valor transacionado na modalidade crédito, enquanto no mesmo período de 2024 elas significavam 6,5% das transações e 4,4% do valor transacionado.
Parcelamento de transações no cartão de crédito
O segundo trimestre de 2025 apresentou estabilidade em relação aos períodos anteriores quanto ao perfil de parcelamento de transações no cartão de crédito. A maior parte das transações continuam sendo à vista (87,5%), seguidas pelas transações de 2 ou 3 parcelas (8,1%), pelas transações de 4 a 6 parcelas (2,9%) e, finalmente, pelas de 7 ou mais parcelas (1,5%).
Quando se considera o valor das transações, aquelas pagas à vista representaram 52,8% do volume financeiro transacionado, as de 2 a 3 parcelas, 17,0%, as de 4 a 6 parcelas, 13,8%, e as de 7 ou mais parcelas, 16,4%.
Saques
Os saques nas modalidades tradicionais (1,2 bilhões de transações), seguem em sua trajetória de queda, tendo se reduzido em 12,7% na quantidade de transações em relação ao mesmo semestre do ano anterior. Houve redução no número de transações, principalmente, nos canais de agências e postos tradicionais (-18,2%), ATMs (-13,2%) e correspondentes bancários (-11,1%), mas também nos postos de atendimento cooperativo (-4,0%).
O Pix Saque, por sua vez, atingiu 7,7 milhões de transações no primeiro semestre de 2025, apresentando um crescimento 36,2% em sua quantidade de transações quando comparado ao primeiro semestre de 2024.
Portal de Dados Abertos do BC
A disponibilização das Estatísticas de Pagamentos de Varejo e de Cartões no Brasil é realizada em formato aberto, o que permite que os dados possam ser acessados de forma mais sistematizada, favorecendo a integração e o cruzamento com outras bases de dados. Assim, a forma anterior de disponibilização dos dados por meio de planilhas Excel foi descontinuada em 01/07/2025.
O Portal de Dados Abertos, meio utilizado para disponibilizar dados e informações públicas, pode ser acessado por meio do link Portal de Dados Abertos do Banco Central.
