
O diretor-geral da BBC, Tim Davie, e a chefe de informação da emissora pública britânica anunciaram sua renúncia neste domingo 9 após uma onda de críticas pela edição de um discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos”, afirmou o presidente da empresa, Samir Shah, em um comunicado, acrescentando que Davie enfrentava “pressão constante (…) que o levou a tomar a decisão” de renunciar.
A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, classificou horas antes como “extremamente grave” a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa em um documentário.
O caso, revelado pelo jornal conservador The Daily Telegraph na terça-feira, baseia-se em um documentário do famoso programa informativo Panorama da BBC, exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em 5 de novembro de 2024.
A BBC é acusada de ter editado trechos separados de um discurso de Trump, proferido em 6 de janeiro de 2021, de tal forma que ele parece dizer a seus seguidores que vai caminhar com eles até o Capitólio para “lutar como demônios”.
Na frase completa, o então presidente, já derrotado nas urnas por Joe Biden, dizia: “Vamos marchar até o Capitólio e vamos encorajar nossos valentes senadores e representantes no Congresso”.
A expressão “lutar como demônios” corresponde a outro momento do discurso.
Em uma mensagem aos seus colaboradores, na qual anunciou sua decisão, Davie reconheceu que “o debate atual em torno da cobertura jornalística da BBC” contribuiu para sua decisão.
“Embora, de modo geral, a BBC funcione bem, foram cometidos erros e, em última instância, o diretor-geral deve assumir a responsabilidade”, destacou.
