Tornado com seis mortos no Paraná evidencia ‘era dos extremos’ e reforça urgência de respostas da COP30 à crise climática — Brasil de Fato

O tornado que destruiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu (PR), nesta sexta-feira (7), deixando ao menos seis mortos e mais de 700 feridos, ocorre em um momento em que líderes mundiais se reúnem em Belém (PA), na COP30, para discutir soluções diante do aquecimento global e da intensificação dos desastres climáticos em todo o mundo. Para o ambientalista Carlos Rittl, diretor global da Wildlife Conservation Society, a coincidência dos fatos impõe um alerta sobre a urgência de respostas concretas à crise climática.

“A gente tá vivendo na era de extremos, então a COP precisa dar respostas. O Brasil precisa facilitar a negociação de forma que o esse processo da convenção do clima da ONU [Organização das Nações Unidas] leve os países assumirem compromissos mais fortes”, afirmou ao Brasil de Fato.

Segundo ele, o evento climático extremo que devastou Rio Bonito do Iguaçu é parte de um cenário global de catástrofes cada vez mais frequentes e intensas. Rittl lembrou que a presidência brasileira da COP30, que começa nesta segunda-feira (10), carrega uma “responsabilidade grande” de conduzir negociações capazes de oferecer respostas concretas.

“Esse processo precisa dar resposta às vítimas de eventos climáticos extremos, às famílias que sofreram perdas lá no Paraná, às famílias que têm feridos. Assim como às famílias das pessoas que perderam entes queridos na Jamaica pela passagem do furacão mais forte já ocorrido no país e jamais registrado da mesma forma anteriormente”, destacou.

Para o ambientalista, o primeiro passo é facilitar acordos mais ambiciosos de redução das emissões de gases de efeito estufa. “Cada décimo de aquecimento global que a gente evita significa menos pessoas que vão morrer, significa menos destruição de ecossistemas e significa menos impactos econômicos”, ressalta.

Outro ponto fundamental, segundo ele, é o aumento dos recursos internacionais para adaptação climática. “Existe na pauta a possibilidade de um acordo sobre a triplicação dos recursos disponíveis hoje para adaptação às mudanças climáticas, para apoiar países em desenvolvimento, especialmente os mais vulneráveis, que não têm responsabilidade sobre o problema.”

Rittl enfatizou que a resposta internacional não substitui a ação local e coordenada. Segundo o especialista, as cidades precisam desenvolver planos próprios de enfrentamento, com estratégias de adaptação às mudanças climáticas.

“Identificar de que forma que o município é vulnerável, de que forma que eventos extremos podem afetar – podem ser chuvas, podem ser tornados, podem ser tempestades, podem ser secas – de que forma que a população é vulnerável, as áreas do município são vulneráveis, a economia do município é vulnerável, para então adotar as ações preventivos. Isso também é muito importante”, conclui.

Ajuda federal e calamidade pública

O governo federal enviou neste sábado equipes de apoio ao Paraná, coordenadas pela ministra Gleisi Hoffmann, com representantes dos ministérios da Saúde e da Integração e Desenvolvimento Regional. Técnicos da Defesa Civil Nacional e profissionais da Força Nacional do SUS também foram mobilizados.

Cinco das seis mortes foram registradas em Rio Bonito do Iguaçu; a sexta ocorreu em Guarapuava | Foto: Diangela Menegazzi

O tornado que alcançou ventos de até 250 km/h destruiu 90% das construções em Rio Bonito do Iguaçu. O governo estadual decretou estado de calamidade pública na cidade.

A Secretaria de Educação do Paraná informou na manhã deste sábado que a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi suspensa na cidade devido à destruição causada pela pelo tornado. A suspensão segue o protocolo para eventos climáticos severos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia responsável pela aplicação das provas.

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