
A Rússia testou com sucesso um novo míssil de cruzeiro com capacidade nuclear e propulsão própria, o Burevestnik, que pode ser incorporado às suas forças militares, disse o presidente russo Vladimir Putin em comentários divulgados neste domingo 26.
O anúncio ocorre após anos de testes do Burevestnik e faz parte da retórica nuclear do Kremlin, que resiste à pressão ocidental por um cessar-fogo na Ucrânia e adverte os EUA e outros aliados da Otan contra o uso de armas ocidentais de longo alcance dentro da Rússia.
Em um vídeo divulgado pelo Kremlin, Putin recebe um relatório do general Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior da Rússia. Na gravação, ele informa ao líder russo que o Burevestnik percorreu 14 mil quilômetros e passou 15 horas no ar em um teste realizado na última terça-feira.
“É uma arma única, que ninguém mais no mundo possui”, afirmou Putin. A título de comparação, o míssil americano Tomahawk, reivindicado pela Ucrânia, alcança apenas 2,5 mil quilômetros de distância.
Armamento instável
Até o momento, pouco se sabe sobre o Burevestnik, que recebeu o codinome Skyfall pela Otan. Muitos especialistas ocidentais têm se mostrado céticos sobre as capacidades reais do armamento, já que um motor nuclear acoplado a um míssil poderia ser altamente instável.
Quando Putin revelou pela primeira vez que a Rússia estava desenvolvendo a arma em um discurso de 2018, ele alegou que o Burevestnik teria alcance ilimitado, supostamente permitindo que circule pelo globo sem ser detectado pelos sistemas de defesa antimísseis.
Muitos observadores argumentam que um míssil assim poderia ser difícil de controlar e também representar uma ameaça ambiental. Durante a Guerra Fria, os EUA e a União Soviética trabalharam em mísseis com propulsão nuclear mas acabaram abandonando os projetos por considerá-los muito perigosos.
O Burevestnik supostamente sofreu uma explosão em agosto de 2019 durante testes em uma base naval no Mar Branco, matando cinco engenheiros nucleares e dois militares, além de causar um aumento nos índices de radioatividade. Autoridades russas nunca assumiram oficialmente que a arma estava envolvida no acidente.
“Precisamos determinar os usos possíveis e começar a preparar a infraestrutura para implantar essas armas em nossas forças armadas”, disse Putin a Gerasimov.
Rússia faz exercícios nucleares
No início desta semana, Putin direcionou exercícios das forças nucleares estratégicas da Rússia que incluíram lançamentos simulados de mísseis. O exercício ocorreu enquanto a cúpula planejada sobre a Ucrânia com o presidente dos EUA, Donald Trump, foi adiada.
O Kremlin afirmou que as manobras envolveram todas as partes da tríade nuclear de Moscou, incluindo mísseis balísticos intercontinentais testados a partir de instalações no noroeste da Rússia e de um submarino no Mar de Barents. Os exercícios também incluíram bombardeiros estratégicos Tu-95 lançando mísseis de cruzeiro de longo alcance.
