Ricardo Galvão bate o martelo e decide assumir vaga de Boulos na Câmara após 'fico' de Guajajara – CartaCapital

O cientista Ricardo Galvão (Rede), atual presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq, disse a CartaCapital nesta quarta-feira 22 que assumirá a cadeira de Guilherme Boulos (PSOL) na Câmara.

A vaga na Casa foi aberta com a ida do psolista para a Secretaria-Geral da Presidência da República, a convite de Lula.

Inicialmente, Galvão resistia a virar deputado porque teria de abrir mão do mandato à frente do CNPq. Também pesava na decisão a incerteza quanto ao retorno da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, à Câmara para trabalhar em sua campanha à reeleição. Cogitou-se nos bastidores, por exemplo, a possibilidade de ela deixar a Esplanada logo após a realização da COP30, em novembro.

Nesta quarta, porém, a líder indígena bateu o martelo e definiu que ficará na pasta até março, quando deve se desincompatibilizar do cargo para o pleito de 2026. A decisão animou Galvão, que conversou com as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva (sua correligionária), e da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), sobre a ida para o Parlamento.

“Após conversa com Marina e com Boulos, fechamos o acordo para eu assumir. Ainda não [pedi o afastamento do CNPq], mas já acertei a transição com a Ministra Luciana Santos. Terei que aguardar convocação do Congresso, após Boulos assumir”, disse o pesquisador à reportagem. O novo ministro começou a despachar no Planalto nesta quarta, mas sua posse deve ocorrer na semana que vem.

Ricardo Galvão ganhou projeção em 2019, quando foi demitido após bater de frente com Jair Bolsonaro (PL) para defender os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o avanço do desmatamento na Amazônia. À época, o então presidente disse que os números eram “mentirosos”, tese prontamente refutada por Galvão. Ele foi demitido logo depois.

Natural de Itajubá, no Sul de Minas, tem 77 anos, é formado em Engenharia de Telecomunicações pela Universidade Federal Fluminense, fez mestrado na Unicamp e doutorado em Física de Plasmas pelo Massachusetts Institute of Technology, nos EUA.

Construiu carreira no Instituto de Física da Universidade de São Paulo, onde se tornou professor titular e coordenou projetos de pesquisa em fusão nuclear. Também dirigiu o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, presidiu a Sociedade Brasileira de Física e integra a Academia Brasileira de Ciências.

Em 2023, Galvão foi nomeado por Lula para presidir o CNPq, com a missão de recuperar o orçamento da pesquisa após anos de estagnação e cortes. Nas eleições de 2022, recebeu 40.356 votos, ficando como terceiro suplente da federação Rede-PSOL em SP.

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