Micro e pequenas empresas contratam quase 750 mil no semestre e impulsionam geração de empregos – CartaCapital

O faturamento real das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras voltou a subir no terceiro trimestre de 2025, após um início de ano marcado por estagnação. De acordo com o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), o crescimento foi de 1,9% na comparação anual, revertendo o quadro de estabilidade do trimestre anterior.

Embora positivo, o resultado mostra ritmo mais lento de recuperação em relação ao observado entre 2022 e 2024. A alta foi influenciada pela desaceleração da economia, manutenção da taxa Selic em 15% ao ano e restrição no crédito, fatores que continuam a limitar o avanço do setor.

Indústria lidera crescimento

As PMEs da Indústria foram as que mais cresceram no período, com alta de 7,9%, impulsionadas por atividades como fabricação de papel, bebidas, alimentos e produtos de madeira. O setor de Serviços também teve desempenho positivo, com 1,3% de aumento, sustentado por Transportes, Atividades profissionais, Informação e Comunicação e Serviços financeiros.

Por outro lado, Comércio (-2,4%) e Infraestrutura (-4,8%) mantiveram retração, afetados pela demanda reprimida por crédito e pela desaceleração da construção civil. “O crescimento das PMEs no terceiro trimestre mostra uma recuperação gradual, mas desigual. Enquanto a indústria dá sinais consistentes de retomada, atividades mais dependentes de crédito ainda enfrentam desafios relevantes”, avalia Felipe Beraldi, economista da Omie.

Contexto macroeconômico

O cenário das PMEs reflete forças opostas. O IGP-M acumulado em 12 meses caiu de 8,58% para 2,82%, reduzindo custos operacionais, segundo a FGV. Porém, o crédito caro e os juros elevados continuam a restringir o consumo e os investimentos.

Em contrapartida, o mercado de trabalho segue resiliente, com rendimentos reais 8,7% acima da média de 2019 e leve avanço da confiança do consumidor, de 0,6% ao mês entre junho e setembro, conforme a FGV IBRE. Esses fatores têm sustentado o desempenho dos serviços voltados à renda.

Diferenças regionais e projeções

Regionalmente, o Sudeste voltou a crescer 1,9%, após dois trimestres de queda, e o Sul manteve ritmo consistente, com alta de 4,1%. O Centro-Oeste teve crescimento de 1%, enquanto Nordeste (-0,3%) e Norte (-2,2%) permaneceram em retração.

A Omie projeta uma alta de 0,8% no IODE-PMEs em 2025 e 1,9% em 2026, acompanhando a tendência de desaceleração do PIB. “A expectativa é de um 2026 com crescimento mais lento e dependente da renda. A manutenção dos juros altos e as incertezas fiscais e eleitorais exigem cautela, mas o setor deve permanecer em terreno positivo”, afirma Beraldi.

Reforma Tributária no radar

A transição da Reforma Tributária, prevista para começar em 2026, também exigirá atenção das empresas. Com a aplicação das alíquotas-teste da CBS e do IBS, as PMEs precisarão reforçar sua gestão fiscal. Pesquisas da Omie mostram que 60% dos empresários ainda não sabem como a reforma impactará seus negócios.

“A transição tributária exigirá planejamento financeiro e adaptação às novas regras. As PMEs precisam se preparar com apoio técnico e proximidade com seus contadores”, conclui Beraldi.

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