Militares venezuelanos realizaram, neste sábado (4), exercícios de comunicação para um eventual conflito bélico, diante do que denunciaram como um “assédio” dos Estados Unidos.
Desde agosto, Washington enviou navios e aviões de guerra ao Caribe, uma mobilização que justifica como luta contra os narcotraficantes.
A Força Armada venezuelana compartilhou com milicianos e líderes comunitários alinhados com o chavismo estratégias para se comunicar em caso de uma invasão estrangeira. Os militares se preparam para a possível declaração de um estado de exceção que daria poderes especiais ao presidente Nicolás Maduro.
O presidente americano, Donald Trump, acusa Maduro de supostamente ter vínculos com o narcotráfico e desde o último 2 de setembro, forças militares de seu país destruíram pelo menos cinco embarcações de supostos traficantes venezuelanos, deixando um balanço de 21 mortos.
O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, afirmou que nos últimos 45 dias a Venezuela pôs em prática planos de defesa de acordo com “a progressividade da agressão da ameaça militar” dos Estados Unidos.
Padrino López afirmou que os exercícios realizados a cada sábado fazem parte da ofensiva permanente.
A Força Armada se prepara para um possível estado de comoção externa que Maduro tem nas mãos caso a Venezuela seja “agredida militarmente”.
“Neste tempo, tempo de luta, de paz, estamos nos preparando para uma possível eventualidade, um possível estado de exceção”, afirmou, por sua vez, o general Domingo Hernández Lárez, chefe do Comando Estratégico Operacional, braço logístico da Força Armada venezuelana.
Hernández Lárez disse que os preparativos são para qualquer ordem de Maduro como comandante-em-chefe da Força Armada de “um estado de exceção, que seria a passagem da paz a uma transição rumo ao período da guerra”.
“Tambores, fumaça ou seja o que for, devemos nos manter comunicados”, brincou o presidente do Parlamento, Jorge Rodríguez, presente em um dos pontos para os exercícios.
Padrino López falou por meio de um rádio transmissor a um dos grupos posicionados em uma praça de Caracas.
“Estas comunicações têm que ser através de todos os meios disponíveis, até chegar ao mensageiro, à agência dos Correios”, instruiu.
A televisão estatal exibiu imagens de equipamentos de rádio e outros instrumentos de comunicação.
“Temos que nos tornar uma rede popular, de ‘radio bemba’ (boca a boca)”, afirmou o ministro do Interior, Diosdado Cabello, da cidade costeira de La Guaira, a 25 minutos por terra de Caracas.