A ativista Greta Thunberg vem sofrendo um tratamento “severo” sob custódia israelense, após ser detida e retirada de uma das embarcações da Flotilha Global Sumud (GFS em inglês) na última quinta-feira (02). É o que revela um e-mail enviado por autoridades diplomáticas da Suécia que a visitaram nesta sexta-feira (03) na prisão israelense.
Ao chegarem na Turquia, ativistas do país que pertenciam a Flotilha Sumud relataram que os soldados israelenses “arrastaram a pequena Greta (Thunberg) pelos cabelos diante de nossos olhos, espancaram-na e a forçaram a beijar a bandeira israelense. Fizeram tudo o que se possa imaginar com ela, como um aviso aos outros”.
O jornal britânico The Guardian divulgou trechos do e-mail do Ministério das Relações Exteriores da Suécia. A mensagem afirma: “[Greta] informou sobre desidratação. Recebeu quantidades insuficientes de água e comida. Ela também afirmou ter desenvolvido erupções cutâneas que suspeita terem sido causadas por percevejos. Ela relatou tratamento severo e disse ter ficado sentada por longos períodos em superfícies duras.”
As autoridades conversaram com outros detidos que relataram que a ativista foi “forçada a segurar bandeiras” sem que a identidade dessas bandeiras tenha sido esclarecida. De acordo com a diplomacia sueca, ela foi convidada a assinar um documento, mas “expressou incerteza sobre o conteúdo e não quis assinar nada que não entendesse”. Segundo as autoridades suecas, Greta tem tido acesso a aconselhamento jurídico.
Greta integra o grupo de 437 ativistas, parlamentares e advogados da GSF, detidos nos últimos dias, após mais de 40 embarcações serem interceptadas por Israel. A maioria dos detidos está no presídio de segurança máxima de Ketziot (Ansar III), no deserto do Neguev, usualmente usado para detenção de palestinos acusados por Israel de envolvimento em atividades militantes.
Direitos violados
Segundo a ONG jurídica Adalah, os direitos dos detidos foram “sistematicamente violados”, com relatos de negação de água, saneamento, medicação e acesso imediato a advogados, “em clara violação dos direitos fundamentais ao devido processo, a um julgamento imparcial e à representação legal”. Uma equipe jurídica italiana que representa integrantes da Flotilha confirmou que os presos ficaram “por horas sem comida ou água — até tarde da noite”, exceto “um pacote de batatas entregue a Greta e mostrado às câmeras”. Advogados também reportaram episódios de abuso verbal e físico.
Esta é a segunda detenção de Greta em missão na Flotilha. Em junho, ela foi presa após a interceptação do navio Madleen e deportada para a Suécia. Os advogados da Flotilha dizem temer pelo tratamento dado aos detidos, sobretudo aos que já haviam sido presos em iniciativas anteriores, aponta The Guardian.