A indústria brasileira registrou em agosto de 2025 o pior desempenho para o mês em dez anos, segundo a Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O levantamento mostra queda na produção, recuo no número de empregados e redução na utilização da capacidade instalada. O resultado contrasta com a tendência histórica de expansão em agosto.
Produção e emprego em queda
O índice de evolução da produção ficou em 47,2 pontos, abaixo da linha de 50 pontos que separa crescimento de retração.
Foi o menor nível para o mês desde 2015, quando o indicador marcou 42,7 pontos.
O número de empregados também caiu, com índice de 48,4 pontos, indicando diminuição nas contratações entre julho e agosto. Desde 2020, a indústria vinha registrando alta no emprego no período, com exceção de 2023.
Segundo Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, “o cenário adverso que a indústria vem atravessando desde o início de 2025 está se aprofundando. Os empresários relatam queda considerável da atividade em um mês em que tradicionalmente acontece o inverso”. Ele acrescenta que a redução no emprego chama atenção, pois costuma reagir de forma mais lenta em períodos de dificuldades.
Capacidade instalada e estoques
A utilização da capacidade instalada recuou de 71% em julho para 70% em agosto, percentual inferior ao de agosto de 2024 (72%) e igual ao de 2023.
Os estoques permaneceram estáveis. O índice de evolução ficou em 50 pontos, segundo mês seguido sem variações relevantes. O indicador de estoque efetivo em relação ao planejado atingiu 49,8 pontos, mostrando que os estoques estão próximos do nível considerado adequado pelas empresas.
Expectativas mais moderadas
Os índices de expectativa para setembro indicam cautela. A previsão de demanda recuou 0,8 ponto, para 52,3 pontos, e a de compra de insumos caiu para 51,3 pontos. Apesar das quedas, ambos permaneceram acima de 50 pontos, ainda apontando expectativa de crescimento, mas em ritmo mais moderado.
Já os indicadores de quantidade exportada ficaram em 46,6 pontos, sem alteração, e o de número de empregados subiu levemente para 49,6 pontos, permanecendo abaixo da linha divisória.
“As expectativas refletem um cenário mais adverso. Há preocupação com a continuidade da queda no emprego e com o desempenho das exportações. A cautela das empresas é crescente, tanto em relação à demanda quanto às compras de matérias-primas”, avalia Azevedo.
Intenção de investimento
A intenção de investir também recuou em setembro, alcançando 54,4 pontos, queda de 0,2 ponto frente a agosto. Foi a terceira redução consecutiva desse indicador, sinalizando menor disposição das empresas em ampliar seus aportes no curto prazo.