EUA ameaçam cancelar vistos por publicações sobre o assassinato de Charlie Kirk – CartaCapital

Empresários brasileiros alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), têm fomentado uma espécie de ‘caça às bruxas’ a funcionários que demonstrem simpatia por ideiais de esquerda. O movimento ganha combustível de uma narrativa conspiratória que opõe “o bem contra o mal” e ecoa o clima tenso nos Estados Unidos, amplificado após o assassinato do ativista de ultradireita Charlie Kirk, aliado de Donald Trump.

Kirk foi atingido por um tiro disparado de um telhado próximo, enquanto falava durante um evento universiátio em Utah. O suspeito preso, Tyler Robinson, de 22 anos, teria confessado indiretamente o crime a um amigo da família, e foram encontradas munições gravadas com frases de fóruns gamers, memes da internet e símbolos políticos.

De um lado, críticos destacaram os discursos radicais de Kirk sobre raça, gênero e porte de armas – que, segundo eles, funcionavam como um ensaio para a incitação à violência. De outro, seus simpatizantes conectam o episódio a uma linha de ataques políticos recentes, como a facada contra Bolsonaro em 2018, o atentado contra Trump em 2024 e o assassinato do político colombiano Miguel Uribe no ano passado: todos reunidos num mesmo enredo que aponta para uma suposta perseguição global à direita.

Foi o caso do empresário Tallis Gomes, que conclamou empregadores a vasculharem as redes de seus funcionários para identificar aqueles que teriam “comemorado” a morte de Kirk. “A ideologia dessa turma mata”, afirmou, em um vídeo publicado nas redes sociais.

“Nós, líderes e empregadores, não podemos tratar esse tipo de postura como se fosse normal ou aceitável. O emprego, não é apenas uma forma de trocar dinheiro por horas trabalhadas, é um ato de confiança”, diz em um trecho da publicação. “Nossa arma hoje é o emprego. Se os empreendedores e líderes desse país começarem a olhar para as redes sociais dos seus funcionários e candidatos verão claramente quem escolheu o caminho da luz, e quem se aliou às trevas da inveja, da destruição, da mentira e da morte”, completou.

Em seguida, o empresário acusou a esquerda de promover um “fascismo” destinado a dissolver famílias, enfraquecer a fé e destruir a ordem social. A resposta, segundo ele, deveria ser firme: “Esse tipo de gente não merece emprego.”

Não é a primeira vez que Tallis Gomes investe contra a esquerda brasileira. Em 2024, o empresário renunciou ao comando de uma escola de negócios após afirmar que ‘esquerdistas’ não deveriam ser contratados por supostamente não trabalharem bem.

O discurso encontrou eco em outras vozes do mercado financeiro brasileiro, caso de Eduardo Cavendish, que compartilhou a publicação, com o endosso: “Ótimo vídeo, que mais pessoas tenham a coragem dele”.

Na política, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi além: anunciou nas redes que pediria ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), a demissão de um produtor do Theatro Municipal que havia republicado um post classificando Kirk como nazista. Segundo Ferreira, o prefeito teria confirmado a notificação à Fundação Theatro Municipal determinando a exoneração imediata do funcionário.

Em nota, a Fundação Teatro Municipal confirmou que pediu o desligamento do colaborador à organização social que administra o espaço e que está tomando as medidas legais cabíveis. A Fundação disse ainda ter sido surpreendida com a ‘infeliz publicação’, que tem teor ‘inapropriado e incompatível com os valores éticos, culturais e institucionais que orientam o trabalho da Fundação Theatro Municipal e seus equipamentos‘.



Repost

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *