Atualmente, as famílias brasileiras gastam 27,8% de sua renda mensal com o pagamento de amortizações de dívidas e juros. De acordo com dados do Banco Central, desse total, 9,86% são destinados ao pagamento de juros.
O percentual da renda destinado ao pagamento de dívidas no Brasil é praticamente o triplo da média de 17 países desenvolvidos, conforme dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS).
Nos Estados Unidos, cerca de 8% dos rendimentos familiares são destinados ao pagamento de dívidas, enquanto no Japão o percentual médio é de 7,8%.
Juros altos pesam no pagamento das dívidas
Além disso, no Brasil, do percentual total (27,8%), apenas 2,13 pontos percentuais são de dívidas a juros baixos, como aqueles para a compra de imóveis, por exemplo. O restante, 25,67% são dívidas contratadas a juros mais altos, como os do crédito consignado e cartão de crédito.
Os dados do Banco Central ainda demonstram que o peso do pagamento de juros sobre o orçamento familiar teve um pico em 2023, com redução em 2024, e novo aumento neste ano, conforme expansão da concessão de crédito.
Neste ano, com a taxa de juros acima dos 14%, o governo aprovou o programa para conceder crédito consignado privado a trabalhadores com carteira assinada (CLT).
Consignado privado tem juros mais altos que para aposentados e servidores públicos
Conforme mostrado pela Gazeta do Povo, o programa Crédito do Trabalhador poderia trazer, entre outras, a armadilha do endividamento das famílias a juros não tão baixos.
Segundo balanço do consignado privado divulgado pelo Ministério do Trabalho em 25 de julho, o programa já havia emprestado praticamente R$ 21 bilhões desde sua criação, em 21 de março. Os empréstimos foram feitos para mais de 4 milhões de trabalhadores.
Os juros, cuja média foi de 3,79% ao mês até julho, ainda são mais elevados do que os do consignado para aposentados (1,83% ao mês) e servidores públicos (1,84% ao mês) registrados no mesmo período.