O controle de gastos e a economia pessoal são esforços para realizar a vida inteira. Mas, ao chegar à aposentadoria, tipicamente após os 60 anos, cuidados especiais com as finanças tornam-se ainda mais importantes.
Após se aposentar é comum que o rendimento financeiro diminua. Além disso, a disposição para mudanças de rotina e atividades remuneradas já não são as mesmas. Entretanto, despesas inesperadas podem surgir e se faz necessário ter uma reserva de emergência.
Por que planejar suas finanças na melhor idade é crucial?
Para o advogado e especialista em finanças na terceira idade Tyago Barbosa, é fundamental o planejamento da renda para gastos em momentos imprevistos. Tudo isso para manter a autonomia e evitar depender financeiramente de outras pessoas.
“A economia na melhor idade é desafiadora pelas transformações físicas e emocionais, com mudanças repentinas após uma vida inteira de trabalho que podem surgir totalmente inesperadas e alguma coisa que mereça um desembolso imediato”, explica Barbosa.
Confira a seguir sete dicas finanças pessoais para esse período da vida:
1. Pense primeiro em suas finanças
É muito comum que a pessoa idosa seja generosa com familiares e queira socorrer financeiramente amigos, filhos e netos. Mas é necessário cuidado para não ir além do que você pode no momento.
O idoso não pode perder o foco na própria condição financeira. Até porque, é impossível ajudar os outros quando a sua própria renda está comprometida.
“É como aquele aviso de emergência nos aviões, coloque primeiro a máscara em você e depois ajude a colocar a do outro. Se eu não me socorrer primeiro, não consigo mais cuidar de ninguém”, pondera Barbosa.
2. Tenha muita atenção aos golpes
A falta de conhecimento sobre as tecnologias da informação pode levar quem passou dos 60 anos a cair em golpes financeiros realizados por meios eletrônicos. A população mais madura precisa ter atenção especial a soluções cuja facilidade é muito suspeita e, também, contra a oferta de vantagens imediatas. Esses são sinais típicos de golpe.
Além disso, não clicar em links desconhecidos quando navega no computador ou celular, não abrir anexos de mensagens e sempre suspeitar de telefonemas de bancos são dicas básicas. Contato por mensagem sobre um familiar que está em perigo, também é um sinal de fraude financeiro.
Uma boa forma de se prevenir é evitar as transações eletrônicas quando não é completamente seguro o meio pelo qual está sendo realizada. A boa e velha agência física de banco tende a ser a melhor solução para não ter prejuízo financeiro.
3. Coloque todos os gastos na ponta do lápis
Anote todas as receitas e despesas fixas e mantenha o foco no que é essencial. É uma dica para a vida inteira, mas torna-se especialmente importante após os 60 anos. Pesquise os melhores preços e opte por marcas mais acessíveis.
Identificar os momentos em que existe maior propensão de gastar também é essencial para exercer o autocontrole e não realizar gastos desnecessários.
“Pensar como uma formiga. A formiga é um animal que pensa com provisionamento, as pessoas devem agir um pouco como a formiga, guardar para o inverno”, afirma Barbosa.
4. Evite dívidas caras em cartão de crédito
O cartão de crédito é uma comodidade, mas deve ser usado com moderação e nunca gerar dívidas. Quando não é pago o total da fatura é descontado do cheque especial, gerando saldo negativo.
Importante: o cheque especial é uma das modalidades mais caras de crédito que existem no mercado. Opte por pagar suas principais despesas com saldo disponível e evitar dívidas desnecessárias.
5. Fuja do crédito consignado
Os empréstimos consignados com desconto em folha podem representar um risco financeiro pelo desconto direto na fonte de renda. O consignado só deve ser acionado em situações de muita necessidade e, quando possível, um com planejamento prévio.

6. Diversifique investimentos com imóveis e aplique em renda fixa
A constante oscilação do mercado financeiro torna melhor o investimento em uma boa renda fixa se comparado a fundos de ações. Assim, é recomendado fugir de riscos neste período da vida. Deixe os altos ganhos com elevado risco para quem é mais jovem.
A aplicação em tesouro direto, LCAs e LCIs é capaz de oferecer uma boa remuneração que, inclusive, é isenta de Imposto de Renda. Quando possível, ter e manter imóveis que possam gerar renda extra de aluguel é uma excelente opção.
7. Planeje sua sucessão
O planejamento sucessório é um ato de responsabilidade para com os entes queridos que ficarão depois do idoso falecer.
“A ausência de um planejamento sucessório acaba deixando muita confusão e desentendimento, portanto precisamos planejar a sucessão enquanto ainda estamos lúcidos, respeitando limites, claro”, acredita Barbosa.
Está em estudo novas formas de tributar as heranças que comprometem ainda mais os bens que ficam para os herdeiros. Entretanto, existem soluções práticas como a criação de uma holding para proteger e perpetuar o patrimônio familiar sem a necessidade dos caros e demorados processos de inventário dos bens.
As holdings familiares são empresas criadas com o propósito de administrar os bens da família. Dessa forma, os integrantes se tornam sócios e as posses – imóveis, investimentos e parte em outras instituições – são transferidas para essa “corporação”.
As partes positivas são:
- Proteção patrimonial;
- Gestão centralizada;
- Planejamento sucessório;
- Benefícios fiscais.
Não planejar a sucessão ainda em vida abre possibilidades de complicações entre os herdeiros. Inclusive, com ações judiciais que se arrastam por anos e, em alguns casos, até mesmo décadas.