O secretário de Educação do estado de São Paulo, Renato Feder, afirmou que diretores e dirigentes escolares perderão seus cargos se não atingirem as metas fixadas pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Se não subir [a nota da avaliação], tchau. Não bateu a meta, tchau. Eu posso adorar ele, mas se não subir, é tchau”, declarou ao podcast Market Makers, que aborda temas do mercado financeiro, em 5 de agosto.
Feder disse ter demitido 20 dos 91 dirigentes regionais no início do ano letivo por supostamente não atingirem as metas.
“É muito simples. Eu tenho 91 dirigentes regionais e eles têm uma meta mínima: subir 0,2 a cada ano. Se não subir, é tchau. Se subir 0,1 ou empatar, ele está demitido. Eu acabei de demitir 20. São caras que não entregaram resultado, são pessoas ótimas, mas que não entregaram e não faz sentido tê-las aqui.”
No início de 2023, a Seduc determinou que a avaliação dos diretores seria bimestral, com base em indicadores como frequência escolar, participação nas provas, uso das plataformas digitais e índice de vulnerabilidade da escola. Neste ano, o rendimento no Saresp ou no Saeb, avaliação federal, passou a pesar ainda mais. Quem cai no “grau insatisfatório” pode ser removido de sua escola, rebaixado ao cargo inicial ou obrigado a fazer um curso de capacitação.
Na entrevista ao podcast, o secretário alegou que o estado tem trabalhado para promover aulas de mais qualidade, citando recursos como aulas em Powerpoint, lições de casa prontas e avaliações como a Prova Paulista, aplicada bimestralmente para medir a aprendizagem dos estudantes com base no currículo de São Paulo.
Na contramão do que sustenta o secretário, diretores escolares relatam um clima de pressão por resultados que acabam por não refletir as dificuldades do dia a dia escolar, como a falta de recursos humanos e materiais. A reportagem de CartaCapital conversou recentemente com uma diretora que, reservadamente, disse que as diversas atribuições cotidianas têm sido burocratizadas pela exigência de números e relatórios, além da quantidade crescente de resoluções provenientes da Secretaria de Educação.
Outra crítica da educadora recai sobre as plataformas educacionais, implementadas na rede paulista por Feder — a exemplo do que ele fez no Paraná, onde também foi secretário. A reclamação é que as 31 plataformas são aleatórias, trabalham contra a interdisciplinaridade, tolhem a autonomia dos professores na elaboração das aulas e ampliam o desinteresse dos estudantes, que têm de lidar com materiais pré-formatados e pouco atrativos.
Recentemente, um estudo da Rede Escola Pública e Universidade, a Repu, avaliou que as plataformas educacionais não têm contribuído com a aprendizagem dos estudantes da rede estadual de São Paulo. Os pesquisadores evidenciaram haver escolas com bons resultados no Saresp e baixo uso das plataformas — e também o inverso —, o que coloca em xeque a correlação benéfica alegada pelo estado. As plataformas educacionais foram implementadas, em 2024, ao custo de 471 milhões de reais.