A Justiça Eleitoral de Minas Gerais acatou a denúncia do Ministério Público que pode tornar o deputado Nikolas Ferreira (PL) inelegível. O parlamentar alega ser alvo de perseguição.
A denúncia aceita na última quarta-feira 23 foi feita no início do mês pelo MP Eleitoral e envolve outros três membros do PL: Bruno Engler, Coronel Cláudia e Delegada Sheila. O grupo é acusado de promover ataques ao então prefeito de Belo Horizonte Fuad Noman (PSD) na campanha de 2024.
Segundo o órgão, eles praticaram difamação ao distorcer o conteúdo de Cobiça, livro ficcional escrito por Fuad em 2020. O político do PSD morreu em março deste ano, cerca de cinco meses após conquistar a reeleição. Ele estava internado desde 3 de janeiro para tratar uma pneumonia e sofreu uma parada cardiorespiratória. A morte resultou de complicações de um tipo de câncer chamado de Linfoma não Hodgkin.
A obra distorcida pelos bolsonaristas narra a jornada de uma mulher que retorna ao interior mineiro. Em uma passagem, o texto descreve uma cena de violência sexual contra uma criança de 12 anos. Nikolas, que apoiava Engler à prefeitura, classificou a obra como “livro pornográfico” e sugeriu que “o problema é quando a ficção vira a realidade”.
Nikolas publicou um vídeo difamando o livro e a Justiça determinou a exclusão do conteúdo, após um pedido da campanha de Fuad. O deputado, porém, manteve a postagem no ar e publicou um novo vídeo com críticas à Justiça Eleitoral.
Diante da insistência do parlamentar, o Ministério Público pediu a suspensão dos direitos políticos dos denunciados. O órgão sustenta que os acusados materializaram uma “campanha sistemática de desinformação”. O caso, após todos os recursos no TRE e no TSE, pode resultar na inelegibilidade do deputado do PL e de seus aliados.
O grupo tem dez dias para apresentar a defesa e listar as testemunhas no caso. Nas redes, Nikolas disse que o processo visa “calar milhões”, mas alegou que continuará “de pé”. Os demais membros do PL envolvidos no caso não comentaram.