O governo de Donald Trump anunciou, nesta terça-feira 15, a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil. O suposto objetivo é determinar se o governo brasileiro adota práticas “irracionais” ou discriminatórias que restringem o comércio norte-americano.
A apuração, anunciada pelo Escritório do Representante dos Estados Unidos para o Comércio, avaliará atos relacionados a comércio digital e serviços de pagamento eletrônico; tarifas; interferência anticorrupção; proteção de propriedade intelectual; acesso ao mercado de etanol; e desmatamento ilegal.
No comércio digital, por exemplo, o Brasil “pode prejudicar a competitividade de empresas americanas retaliando-as por não censurarem o discurso político ou restringindo sua capacidade de prestar serviços no País”, segundo o comunicado do governo Trump.
“Sob o comando do presidente Donald Trump, abri a investigação sobre os ataques do Brasil às empresas de rede social americanas e outras práticas comerciais injustas”, afirmou, em nota, Jamieson Greer, o representante dos EUA para o comércio.
Trata-se de mais uma etapa da ofensiva de Trump contra o Brasil, seis dias depois de o magnata anunciar uma tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros.
Nesta terça-feira, questionado sobre suas motivações, Trump deu uma resposta vaga. “Estamos fazendo isso porque sou capaz de fazer. Ninguém mais seria”, afirmou a jornalistas. “Temos tarifas em vigor porque queremos tarifas e queremos que o dinheiro entre nos Estados Unidos.”
Segundo o presidente, há um aspecto mais importante que o dinheiro no tarifaço. “Em vez de pagar a tarifa, o país ou a empresa construirá nos Estados Unidos, fabricará seu produto nos Estados Unidos, e isso gera empregos.”
A nova tarifa deve entrar em vigor em 1º de agosto, conforme o anúncio do governo norte-americano na semana passada. O governo brasileiro, porém, trabalha por canais diplomáticos para demover a Casa Branca desse plano.
Ao divulgar a taxa, Trump recorreu a meias-verdades: descontextualizou o processo contra Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal e alegou um suposto déficit na balança comercial com o Brasil.
A realidade, no entanto, contradiz o discurso do republicano. Em 2024, o Brasil importou mais dos Estados Unidos do que exportou, gerando um saldo positivo de 253 milhões de dólares para os norte-americanos. Dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que, desde 2009, o Brasil acumula déficits comerciais com os EUA que somam 90,2 bilhões de dólares até junho deste ano.