O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) renovou sua parceria estratégica com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
O novo acordo, com validade de cinco anos, foi assinado no seminário “O Impacto do Cooperativismo no Desenvolvimento do Brasil e o Apoio do BNDES”, realizado em Brasília.
O evento reuniu mais de 170 autoridades, parlamentares e especialistas para debater o papel do cooperativismo na inclusão social e no desenvolvimento econômico sustentável.
Acordo prevê capacitação e ampliação do crédito para cooperativas
O termo de cooperação técnica prevê ações para ampliar o acesso das cooperativas às linhas de financiamento do BNDES.
Estão programadas iniciativas como capacitações de profissionais, desenvolvimento de projetos conjuntos e criação de plataformas voltadas ao fortalecimento da cultura cooperativista.
Também estão previstos o intercâmbio de informações e a produção de estudos técnicos para aprofundar o conhecimento sobre o setor.
Cooperativas ganham espaço como agentes de crédito no Brasil
Durante a abertura do evento, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou a importância do setor.
“O BNDES é o banco das cooperativas. Na hora que elas mais precisam, é o Banco que apoia e oferece crédito”, afirmou.
Atualmente, dois dos três maiores repassadores de recursos do BNDES são cooperativas de crédito.
Em 2024, essas instituições responderam por R$ 37,4 bilhões em repasses, o equivalente a 34% das operações intermediadas por agentes parceiros.
Esse número representa um salto significativo em relação aos 3% registrados em 2014.
Expansão e impacto social do cooperativismo
O cooperativismo no Brasil reúne 4.509 cooperativas e 23,5 milhões de cooperados.
O setor gera 550 mil empregos diretos e movimenta R$ 692 bilhões por ano.
Uma das ferramentas criadas pelo BNDES para apoiar o segmento é o Procap Crédito, voltado ao fortalecimento patrimonial das cooperativas de crédito.
Com orçamento de R$ 2 bilhões em 2024, o programa teve sua vigência prorrogada até o fim de 2025.
Mercadante sinalizou que novos recursos podem ser disponibilizados, caso haja demanda.
OCB projeta novas metas para os próximos anos
O presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, afirmou que a entidade trabalha para ampliar o alcance do cooperativismo.
A meta é alcançar R$ 1 trilhão de faturamento anual e 30 milhões de cooperados até 2027.
Segundo ele, o foco estratégico da OCB está em cinco frentes: gestão e governança, inovação e tecnologia, sustentabilidade, comunicação e representação política.
Freitas também destacou a necessidade de facilitar o acesso a recursos externos e reduzir os custos de captação.
Painéis reforçam a importância das cooperativas para a inclusão social
O seminário contou com dois painéis temáticos, ambos mediados por diretores do BNDES.
O primeiro abordou o impacto do cooperativismo de crédito no desenvolvimento socioeconômico.
O diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton Aquino, destacou o papel das cooperativas na oferta de crédito com melhores condições para os associados.
Ele ressaltou que os benefícios obtidos pelos cooperados superam os impactos da isenção tributária concedida ao setor.
Enio Meinen, diretor do Sicoob, chamou atenção para o desafio da interiorização.
Hoje, as cooperativas estão presentes em apenas 15% dos municípios do Nordeste e 40% no Norte, enquanto alcançam 97% na região Sul.
Entre 2021 e 2025, as cooperativas abriram 320 novas agências nessas duas regiões, enquanto os bancos tradicionais fecharam 140 unidades.
Estudos mostram os impactos locais da presença cooperativista
O pesquisador da Fipe, Alison Pablo de Oliveira, apresentou dados sobre os efeitos positivos da abertura de cooperativas de crédito em municípios brasileiros.
Segundo ele, as cooperativas são mais resilientes em períodos de crise e promovem impacto social, econômico e ambiental nas comunidades onde atuam.
No segundo painel, o diretor José Luis Gordon destacou exemplos de cooperativas agroindustriais.
O presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek, reforçou a importância da organização do setor como estratégia para o desenvolvimento sustentável em todo o país.