O documentário Tarifa Zero: Cidade em Disputa, produzido pelo Brasil de Fato em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo, será exibido, nesta sexta-feira (6), na Primeira Conferência Internacional Tarifa Zero e Saúde Pública, em Mariana (MG). O curta-metragem será exibido também em São Paulo em outras datas (confira abaixo).
A produção, que lança luz sobre as profundas desigualdades sociais, raciais e ambientais ligadas ao atual modelo de mobilidade urbana no Brasil, foi selecionado para a competição oficial do Short Way International Short Film Festival, na categoria Melhor Curta-Metragem. O resultado será divulgado no dia 17 de junho.
O curta parte da constatação de que, com passagens que ultrapassam os cinco reais em alguns lugares do Brasil, a população muitas vezes enfrenta o dilema de escolher entre se alimentar ou se deslocar, especialmente mulheres negras, mães solo, jovens periféricos e idosos.
A relação entre transporte e saúde pública é outro ponto central. Longas viagens comprometem o bem-estar físico e mental dos trabalhadores, levando à desmarcação de consultas, adiamento de exames e interrupção de tratamentos. Mães solo e trabalhadores que moram nas periferias das cidades frequentemente colocam de lado a saúde e a convivência familiar devido à ausência de um direito básico, o de ir e vir.
O documentário também faz uma crítica incisiva à chamada “modernização verde” centrada na eletrificação da frota individual. Ao questionar a ênfase nos carros elétricos, a obra denuncia o colonialismo ambiental que transfere os impactos da transição energética para regiões mineradas do Sul Global.
Nesse cenário, a produção destaca que a tarifa zero deixou de ser uma proposta restrita ao âmbito regional, vinculada a uma cidade ou estado, para assumir um papel de destaque nos debates sobre sustentabilidade global.
Antes, a discussão girava principalmente em torno da garantia de acesso das pessoas a direitos básicos, como educação, trabalho e lazer. Hoje, o tema ganhou amplitude e complexidade, sendo associado a questões estruturais, como a redução das emissões de carbono, a diminuição do uso de veículos individuais e a promoção de cidades mais inclusivas, solidárias e sustentáveis.
A produção destaca que a tarifa zero não é mais apenas uma política de mobilidade; é uma estratégia transversal para enfrentar desafios sociais, econômicos e ambientais.
Por fim, o filme parte das experiências de quem depende do transporte coletivo diariamente para mostrar como jornadas de até cinco horas dentro de trens, metrôs e ônibus, salários consumidos por passagens e o cansaço crônico moldam vidas atravessadas pelas catracas.
Estão presentes no filme a experiência de especialistas na área, que apresentam a tarifa zero como uma proposta política e civilizatória. Entre os entrevistados estão Lúcio Gregori, ex-secretário de transportes de São Paulo e idealizador da proposta de tarifa zero no país; Gisele Brito, do Instituto Peregum; Jô Pereira, presidenta da União de Ciclistas do Brasil; Daniel Santini, coordenador de projetos na Fundação Rosa Luxemburgo; e Elisangela Soldateli, coordenadora do programa de energia e lima na América Latina da mesma fundação.
Agenda de exibições
6 de junho, 16h30: Lançamento na Primeira Conferência Internacional Tarifa Zero e Saúde Pública, em Mariana (MG);
17 de julho, 17h: Exibição na Cinemateca Brasileira, Sala Oscarito, em São Paulo (SP);
24 de julho, 18h: Exibição especial na Casa Carlito Maia, São Paulo (SP);
22 de setembro: Sessão especial no Dia Mundial Sem Carro, com transmissão ao vivo pelos canais do Brasil de Fato e da Fundação Rosa Luxemburgo no YouTube.
Ficha técnica
Direção: Caroline Oliveira e Marcelo Cruz
Roteiro: Vitor Shimomura
Direção de fotografia e montagem: Marcelo Cruz
Produção executiva: Katarine Flor
Produção: Camila Aguiar de Oliveira
Coordenação: Rodrigo Chagas e Rodrigo Gomes
Supervisão: Vitor Shimomura