Sem aviso prévio, trabalhadores da Ceasa do Ogunjá, em Salvador, realizam uma manifestação na manhã desta sexta-feira (30), em protesto contra a interdição repentina do centro comercial, anunciada pelo governo do estado.
O clima é de indignação entre os permissionários, que foram surpreendidos com a decisão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE), comunicada apenas na tarde de ontem (29), determinando a suspensão imediata das atividades no local por conta de problemas estruturais graves.
Segundo os engenheiros responsáveis pelo laudo técnico, o prédio apresenta rachaduras em pilares, recalque nas fundações e corrosão em estruturas metálicas, o que representa risco iminente para quem circula no espaço. Além disso, o solo da área também preocupa, com acúmulo de água e lençol freático superficial.
Apesar da gravidade da situação estrutural, os trabalhadores reclamam da falta de diálogo e da maneira como a interdição foi conduzida. Muitos foram avisados de que só teriam esta sexta-feira para retirar suas mercadorias e objetos dos galpões.
“É uma falta de respeito. Minha mãe trabalha aqui há 15 anos, sustentou nossa família vendendo na Ceasa. Eu consegui me formar em Direito graças a esse trabalho. Agora simplesmente chegam, avisam e fecham tudo?”, desabafou Ana Carolina dos Santos, filha de uma das permissionárias.
Cerca de 41 comerciantes estão sendo diretamente afetados pela interdição. Sem local definido para continuar trabalhando, eles cobram alternativas urgentes da gestão estadual. A SDE informou que uma reunião com os permissionários está marcada para o dia 5 de junho, às 14h, mas até lá, o sentimento é de abandono.
“Estamos aqui hoje porque ninguém nos deu resposta. A Ceasa precisa de reforma, sim, mas as pessoas precisam comer, trabalhar. Não somos entulho pra ser tirado de qualquer jeito”, afirmou um dos manifestantes.
A manifestação segue pela manhã. A Polícia Militar acompanha o ato, que é pacífico até o momento.