Os ministros dos países do Mercosul vão se reunir nesta sexta-feira 11 em Buenos Aires, capital da Argentina. A ideia é discutir a posição do bloco frente às tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos.
Os quatro países-membros do bloco foram afetados de maneira igualitária: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai terão que encarar uma taxa de 10% para exportarem seus produtos para os EUA, segundo anúncio feito pelo republicano na semana passada.
A Argentina exerce a presidência temporária do bloco. Governada por Javier Milei, aliado de primeira hora do presidente norte-americano, o país vizinho busca uma negociação direta com os Estados Unidos.
Milei já chegou a ameaçar retirar a Argentina do Mercosul, mas voltou atrás. Na lógica do governo argentino, a ideia seria tentar acordos comerciais mais flexíveis, sem, necessariamente, sair do bloco.
A ideia não é exatamente nova. Antes de deixar o poder no Uruguai, o ex-presidente Lacalle Pou tinha postura pouco simpática ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), e chegou a defender abertamente uma flexibilização nesse sentido, visando a formação de um acordo com a China.
O Brasil, por sua vez, joga a favor de uma atuação conjunta, na esteira do desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de promover, através do Mercosul, a integração regional.
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil, participa do encontro entre representantes do Mercosul. Na quinta-feira 10, ele se reuniu com o alto escalão do governo Milei, mas a pauta do encontro não foi divulgada.
A rodada de negociação entre ministros dos países-membros do Mercosul acontece na semana em que as divisões entre Brasil (de um lado) e Argentina e Paraguai (de outro) floresceram na Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), cuja reunião de líderes aconteceu em Honduras.
O documento final do encontro fez críticas veladas a Trump e defendeu a candidatura de uma representante latino-americana para a secretaria da Organização das Nações Unidas (ONU). Apesar do teor geral do texto, o documento contou com uma nota de rodapé que explicava a discordância da Argentina e do Paraguai a respeito das propostas.