O Ministério das Relações Exteriores convocou, nesta segunda-feira 27, o encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para dar esclarecimentos sobre os abusos que teriam sido cometidos durante a deportação de brasileiros no último sábado.
Escobar está temporariamente à frente da embaixada norte-americana em Brasília enquanto o presidente Donald Trump não escolhe um embaixador para o Brasil.
O encarregado de negócios foi ouvido pela embaixadora Márcia Loureiro, responsável pela Secretaria de Comunidades Brasileiras no Exterior e Assuntos Consulares e Jurídicos do Itamaraty.
Segundo fontes da diplomacia brasileira, conversa buscou entender os problemas no voo e evitar que novos casos aconteçam. A embaixada dos Estados Unidos confirmou o encontro, mas descreveu apenas como uma “reunião técnica”.
Chamar um representante de outro país para consulta é uma prática comum na diplomacia. O gesto serve para repreender ou demonstrar descontentamento sobre algum assunto.
A tensão entre o governo brasileiro e os EUA teve início no sábado 25, quando 88 brasileiros que foram deportados dos EUA viajaram acorrentados pelas mãos e pelos pés.
O Ministério da Justiça ordenou “a retirada imediata das algemas” quando o avião chegou ao país, e repudiou o que chamou de “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais” dos seus cidadãos.
As autoridades brasileiras enfatizaram que “a dignidade da pessoa humana” é “um dos pilares do Estado Democrático de Direito” e configura “valores inegociáveis”.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse que o caso se configura como “constrangimentos absolutamente inaceitáveis em território brasileiro”.