O médico Júlio Navarro, pai do estudante de Medicina morto por policiais militares durante uma abordagem em São Paulo, em novembro, enviou uma carta ao presidente Lula (PT) nesta semana na qual critica o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a demora para punir os envolvidos.
Navarro, também professor da USP, afirma no texto que o filho Marco Aurélio Cardenas Acosta foi assassinado “da maneira mais cruel e covarde pelo estado de São Paulo”.
“O sr. governador Tarcísio de Freitas, célebre pela sua crueldade e desprezo pelo sofrimento de famílias, desafiando até a ONU, se burlando do público e afirmando publicamente que não estava ‘nem aí’ incentivando a mais assassinatos pela PM sobre a gente humilde”, diz o médico. O texto foi divulgado pelo site G1.
Ele se referiu ao secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, como “um palhaço tirado dos tempos da Inquisição”.
“Apelo ao Sr. Presidente, minha última esperança para aliviar a dor da minha família, de outras mais e poder amanhã salvar nossos próprios filhos.”
O estudante de Medicina foi morto com um tiro pelo policial Guilherme Augusto Macedo na escadaria de um hotel na Rua Cubatão, na Vila Mariana, zona sul da capital paulista. Macedo e o PM Bruno Carvalho do Prado estavam em patrulhamento pelo bairro quando Acosta, de 22 anos, teria dado um tapa no retrovisor da viatura e fugido.
Guilherme Macedo foi indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar. A Secretaria da Segurança Pública afastou os dois PMs de suas atividades até a conclusão do inquérito.
Em 20 de dezembro, mais de 60 organizações da sociedade civil, grupos de familiares e mães de vítimas da violência policial denunciaram Tarcísio e Derrite à Organização dos Estados Americanos, a OEA.
O documento pede também à Comissão Interamericana de Direitos Humanos o acompanhamento dos casos e a publicação de recomendações ao Estado brasileiro para agir pela diminuição da violência policial.