Filme premiado sobre os bailes ‘black’ volta ao cinema; saiba como assistir – Augusto Diniz

O documentário Black Rio! Black Power, de Emílio Domingos, já circulou por pelos menos duas dezenas de festivais no Brasil e no exterior. Na estreia do longa-metragem, no Festival do Rio, no fim de 2023, recebeu uma Menção Honrosa do Júri Oficial.

No In-Edit, principal festival de documentários de música do País, em junho, obteve outra menção especial. Agora, entra na programação da 13ª edição da Mostra Ecofalante de Cinema, com a exibição de 122 filmes de 24 países, entre 1º e 14 de agosto, na cidade de São Paulo. O evento ocorre em diversas salas de cinema, com entrada franca.

O filme Black Rio! Black Power, que participa da mostra na Competição Territórios e Memória, terá exibição na segunda-feira 4, às 18h45, no Reserva Cultural – Sala 3 (Avenida Paulista, 900), e na quinta 8, às 15h, no Centro Cultural São Paulo – Sala Lima Barreto (Rua Vergueiro, 1000).

Há bons depoimentos no documentário. Dom Filó é o personagem central, responsável pela realização de bailes no Rio de Janeiro na década de 1970 e um dos perseguidos pela ditadura por, justamente, aglutinar pessoas nesses eventos.

O movimento ‘black’ foi muito mais do que meramente território de diversão. Naquele momento do regime militar, era um palco de liberdade de uma parcela da sociedade reprimida, que podia exaltar o orgulho negro.

Os bailes, acima de tudo, foram espaços de expressão do mito da democracia racial, da construção e da valorização da identidade negra por meio do recém-chegado soul music.

O longa lança luz às pessoas que tiveram um papel importante naquele momento e à repressão sofrida. No fundo, elas foram ativistas, militantes de uma ideia, de uma busca por afirmação do negro.

O nascimento dos bailes em Rocha Miranda e a importância de clubes como o Renascença – onde hoje acontece a principal roda de samba do Rio, a do Samba do Trabalhador -, dizem respeito a lugares onde se buscou, por meio da música, estabelecer uma consciência de raça em um País eminentemente de negros.

O documentário explora bem as declarações e dá a devida importância ao movimento daquele período no Rio. Há muito tempo se pergunta por que o movimento soul tipicamente brasileiro sofreu um “apagamento”. O filme fornece algumas pistas relevantes.

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