O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, elogiou nesta sexta-feira 2 Lula (PT) e os presidentes Gustavo Petro, da Colômbia, e Andrés Manuel López Obrador, do México, por um comunicado conjunto sobre o processo eleitoral venezuelano.
Na quinta 1º, os governos de Brasil, Colômbia e México reiteraram uma cobrança à Venezuela pela divulgação das atas do pleito.
“Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação“, diz o comunicado. Os países também instam a resolver por vias institucionais as “controvérsias” sobre a eleição.
O documento ainda defende que todas as partes adotem “máxima cautela e contenção em manifestações e eventos públicos”, com o objetivo de evitar uma escalada na violência.
Em uma coletiva de imprensa em Caracas, Maduro afirmou ter conversado com Lula há 15 dias e ter mantido uma “comunicação permanente” com o assessor presidencial Celso Amorim e o chanceler Mauro Vieira.
“Lula, Petro e López Obrador estão trabalhando em conjunto para que se respeite a Venezuela, para que os Estados Unidos não façam o que estão fazendo. Divulgaram um comunicado muito bom. Felicito a Petro, López Obrador e Lula”, disse o chavista.
Na entrevista, ele também disse estar “pronto” para divulgar a íntegra das atas da eleição. A publicação depende, segundo ele, de um pedido do Tribunal Supremo de Justiça.
“Isso está em mãos da máxima autoridade do País, o TSJ. Quando o tribunal disser, estaremos lá para responder”, disse o chavista em entrevista em Caracas. “Quando pedirem, entregaremos 100% das atas do Grande Polo Patriótico [sua coligação] e do PSUV [seu partido]. A esta hora, estamos prontos, estamos preparados. Temos as atas completas, originais.”
Horas antes, o Conselho Nacional Eleitoral ratificou a vitória de Maduro sobre Edmundo Gonzáles Urrutia por 51,9% a 43% dos votos. A oposição, porém, não reconhece o resultado e alega fraude na contagem.
“Que o TSJ investigue tudo, requeira tudo. Estou às ordens da Justiça para o que quiser”, acrescentou Maduro na coletiva.
Países como Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica e Peru reconhecem González como vencedor do pleito.
Diante desse cenário, não há qualquer indicação de que o clima de tensão na Venezuela se dissipe nos próximos dias. Maduro, no poder desde 2013, convocou para este sábado 3 o que chamou de “a mãe de todas as marchas para celebrar a vitória”.
A oposição também chamou atos em todo o país. “Devemos permanecer firmes, organizados e mobilizados, com o orgulho de termos alcançado uma vitória histórica em 28 de julho e a consciência de que vamos até o fim para reivindicá-la”, afirmou María Corina Machado, principal liderança opositora.
Nesta sexta, Maduro e outros candidatos à Presidência compareceram à sede do TSJ, que os convocou após aceitar um recurso do chavista para certificar o processo.
Segundo a presidente da Corte, Caryslia Rodríguez, o objetivo é iniciar uma “investigação para certificar de maneira irrestrita os resultados do processo eleitoral”.
Enquanto isso, porém, os Estados Unidos continuam a pressionar o governo Maduro. O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, considera que González venceu a eleição.
“Dada a esmagadora evidência, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia ganhou a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela em 28 de julho”, disse Blinken.