Cinco dias depois de ser alvo de um atentado, Donald Trump aceitou formalmente nesta quinta-feira 18 sua nomeação como candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos. O magnata discursa neste momento na Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee.
Enquanto isso, o presidente Joe Biden está em isolamento, um dia depois de testar positivo para Covid-19. Além disso, não arrefece a pressão para que o democrata abdique de sua candidatura.
“Daqui a quatro meses teremos uma grande vitória e começarão os melhores quatro anos da história do nosso país”, disse Trump na abertura de seu pronunciamento. Segundo ele, “a divisão em nossa sociedade têm de ser curada rapidamente”.
Com uma retórica religiosa, o republicano ainda narrou detalhes do atentado no último sábado 13. “Ouvi um zumbido alto e senti algo me atingir com muita força na orelha direita. Eu disse para mim mesmo: ‘Uau, o que foi isso? Só pode ser uma bala.’”
Apesar de iniciar seu pronunciamento com um chamado à unidade, ele não tardou a atacar os democratas, mirar a imigração e pintar os Estados Unidos de 2024 como um país supostamente à beira do colapso.
Trump minimizou seus diversos processos judiciais e acusou os democratas de “usar a Justiça para rotular oponentes como inimigos da democracia”. “Eu estou salvando a democracia para os americanos”, alegou.
“Venceremos de qualquer maneira”, prosseguiu, ao insinuar, mais uma vez, que seus adversários tentariam manipular a eleição. Trata-se de uma acusação comum da extrema-direita nos Estados Unidos, jamais comprovada.
No primeiro debate deste ano contra Biden, em 27 de junho, Trump não se comprometeu a respeitar o resultado da votação. Na ocasião, disse que aceitará o desfecho “se a eleição for justa e livre”.
Em outro de seus arroubos, prometeu nesta quinta acabar com a crise migratória no país e finalizar a construção do muro na fronteira com o México. “Vamos conter a invasão na nossa fronteira sul e faremos isso rapidamente”, declarou. Na sequência, disse que promoverá a maior ação de deportação da história do país.
O ex-presidente dos EUA Donald Trump na Convenção Republicana, em 18 de julho. Foto: Angela Weiss/AFP
Na convenção republicana, Trump também definiu seu vice: será o senador J.D. Vance, de Ohio. É um cargo que deve permanecer sob forte escrutínio da base trumpista até o último dia de um eventual novo governo.
O escolhido para vice de Trump em 2016, Mike Pence, jurou lealdade ao republicano, mas terminou o mandato sob a pecha de traidor por não embarcar na trama que tentou impedir a certificação da vitória de Biden em 2020. A conspiração levou à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
O evento desta quinta-feira também marca o retorno de Donald Trump a um palanque após ser alvo do ataque a tiros. Ele permanece com um curativo na orelha direita, onde foi atingido de raspão por um projétil durante comício em Butler, Pensilvânia, no último sábado.
A Convenção Nacional Republicana começou na última segunda 15 e se converteu em uma espécie de desfile com pré-candidatos que enfrentaram Trump nas primárias do partido e, agora, endossam a candidatura do ex-presidente. Um dos exemplos é a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley.
Outros dois ex-adversários, o governador da Flórida, Ron DeSantis, e o empresário Vivek Ramaswamy, também juraram lealdade a Trump.
Sem surpresas, marcaram os discursos ao longo desta semana algumas das principais bandeiras do candidato a presidente, a exemplo de ataques a imigrantes e críticas contra a condução da economia pelo governo Biden.
Enquanto os republicanos cultivaram um clima de festa na convenção, Biden, isolado pela Covid-19, ouve cada vez mais cobranças para se retirar da corrida à Casa Branca.
Nesta quinta, o jornal The New York Times informou que pessoas próximas ao presidente acreditam que ele começou a aceitar a ideia de que pode ter de desistir.
Persiste um clima de cautela, segundo o veículo. Uma das pessoas ouvidas disse que Biden ainda não se decidiu a abandonar a disputa.
Outra fonte, porém, afirmou que “a realidade está se estabelecendo” e que não seria uma surpresa se o democrata anunciasse em breve seu apoio à vice-presidente Kamala Harris.
Também nas últimas horas, o jornal The Washington Post informou que o ex-presidente Barack Obama disse a pessoas de seu entorno que Biden deveria reconsiderar sua candidatura à reeleição.
Além disso, os líderes democratas no Senado e na Câmara dos Representantes – Chuck Schumer e Hakeem Jeffries, respectivamente – teriam se reunido com Biden nos últimos dias para alertá-lo de que sua candidatura também ameaça o desempenho do partido nas eleições legislativas.