O presidente dos Estados, Joe Biden, e o ex-presidente Donald Trump fazem nesta quinta-feira 27 o primeiro debate eleitoral de 2024, realizado pela CNN.
O evento acontece na Geórgia, um dos estados mais disputados das eleições.
Segundo uma pesquisa publicada na quarta-feira pela Universidade de Quinnipiac, Trump tem 49% das intenções de voto, contra 45% de Biden. Outro levantamento, divulgado no domingo 23 pelo canal Fox, mostra o democrata à frente: 50% a 48%.
Sem checagem em tempo real, o debate favorece a conduta de Trump ao divulgar notícias falsas. Em dado momento, acusou os democratas de desejarem matar crianças após o nascimento, em referência à defesa de Biden sobre o direito ao aborto. Também chegou a dizer que, durante sua presidência, houve “a melhor economia da história do nosso país”.
Além disso, em diversos momentos da atração, Trump atacou os imigrantes com acusações vazias, mesmo quando as perguntas tratavam de outros assuntos.
Entre os temas de destaque até aqui, estão:
Respeito ao voto: Trump não se comprometeu a aceitar o resultado da eleição, indicando a possibilidade de repetir sua conduta de 2020.
“Se a eleição for justa e livre. E quero mais que todos”, respondeu diante do primeiro questionamento sobre o tema, na reta final do debate. “Vou dizer o seguinte: eu queria que ele fosse um bom presidente, porque eu não estaria aqui agora. Só estou aqui porque ele é tão ruim como presidente que farei os Estados Unidos grandes de novo.”
Na sequência, Trump foi novamente instado a prometer aceitar o resultado. “Se for uma eleição justa, legal e boa, com certeza [aceitarei]”, acrescentou. Voltou a alegar, sem provas, ter havido “fraude” há quatro anos.
Idade: Um tema central da campanha envolve a idade e a condição física dos candidatos.
Questionado sobre o tema, Biden, 81 anos, disse: “Em metade da minha carreira, fui criticado por ser o mais jovem na política. Fui o segundo mais jovem a ser eleito para o Senado e agora sou o mais velho [na Presidência]. Esse cara é três anos mais novo. Olhem o que fiz, olhem como reverti a terrível situação que ele deixou. Como eu disse: 50 milhões de novos empregos, mais investimento, bilhões de dólares em investimento privado. Estamos crescendo”.
Trump, 78 anos, afirmou: “Passei por dois testes cognitivos e fui muito bem. Divulgamos publicamente. Eu queria vê-lo fazer um, só um, um bem fácil. Nem conseguiria passar pelas cinco primeiras questões. Passo por exames físicos todos os anos. [No Golfe] Consigo mandar a bola longe. Ele não consegue mandar uma bola a 50 jardas. Estou em ótima forma, uma forma tão boa quanto aquela em que estava 25, 30 anos atrás – provavelmente até um pouco mais leve”.
Aborto: Trump defendeu a decisão tomada em 2022 pela Suprema Corte de anular o direito fundamental à interrupção da gravidez no país. A mudança de posição permitiu que os estados decidam livremente sobre o tema. Biden criticou o fato de seu antecessor ter indicado juízes ultraconservadores para o tribunal.
“A ideia de que os políticos, os fundadores, queriam que fossem os políticos a tomar as decisões sobre a saúde da mulher é ridícula”, disse Biden. “Nenhum político deveria tomar essa decisão. Um médico deveria tomar essas decisões. É assim que deve ser.”
Economia: Questionado sobre eleitores que acreditam viver pior sob sua administração do que durante o governo Trump, Biden afirmou ter recebido uma situação “caótica” na economia. O ex-presidente, por sua vez, disse que “os únicos empregos que ele criou foram para imigrantes ilegais”.
“Não havia inflação quando me tornei presidente. Você sabe por quê? A economia estava com 15% de desemprego, ele dizimou a economia, dizimou totalmente. É por isso que não havia inflação na época”, prosseguiu o democrata. “Não havia empregos. Fornecemos milhões de empregos.”
Imigração: Trump repetiu alegações contra imigrantes e os acusou de estuprarem e matarem mulheres, sem apresentar quaisquer dados para embasar as afirmações.
Biden o acusou de exagerar e mentir. Segundo o democrata, dizer que os Estados Unidos abrem os braços aos migrantes que entram ilegalmente no país “simplesmente não é verdade”. E completou: “Não há dados que sustentem o que ele disse. Mais uma vez, ele está exagerando. Ele está mentindo”.
Guerra na Ucrânia: desconfortável, Trump afirmou que os termos apresentados pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, não são aceitáveis. Alegou, porém, que se os Estados Unidos tivessem um “presidente respeitado por Putin”, a invasão da Ucrânia não teria ocorrido.
“Resolverei a guerra entre Putin e Zelensky como presidente eleito antes de assumir o cargo em 20 de janeiro”, disse o republicano.
Em dado momento, Biden confundiu os nomes de Trump e Putin.
Democracia: Trump tentou minimizar a violenta ação de seus apoiadores contra o Capitólio em 6 de dezembro de 2021 e disse que o país era melhor à época. Biden afirmou que o adversário “incentivou” os ataques daquele ano.
Gaza: Trump fugiu de uma questão sobre reconhecer o Estado da Palestina e, em vez disso, declarou que os países da Otan, a aliança militar ocidental, “passaram a gastar bilhões de dólares” após suas cobranças sobre financiamento.
Biden, por sua vez, defendeu a conduta de seu governo diante da guerra em Gaza. “Todos do Conselho de Segurança da ONU e do G7 endossaram meu plano para resolver conflito no Oriente Médio”, disse.
Apesar da gravidade, a situação no enclave palestino não mereceu grande destaque.
Trump condenado: Com 44 minutos de debate, Biden mencionou a condenação criminal de Trump em um caso de suborno a uma atriz pornô. “A única pessoa neste palco que é um condenado criminalmente é o homem para quem estou olhando agora”, disse o presidente.
Donald Trump voltou a alegar ser algo de perseguição por parte dos democratas e da Justiça.
Meio ambiente: Biden afirmou que seu adversário nada fez para combater a mudança climática e defendeu as ações da atual gestão. Trump exaltou sua decisão de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, ao qual se referiu como um roubo. Sob Biden, o país retomou Acordo.
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O debate tem dois moderadores, os jornalistas da CNN Jake Tapper e Dana Bash, e segue normas rigorosas.
Em uma tentativa de evitar a confusão do primeiro debate de 2020, durante o qual Biden e Trump passaram uma hora e meia gritando e interrompendo um ao outro, a emissora decidiu desligar o microfone de cada candidato quando se esgotar o tempo de resposta estipulado.
Além disso, o programa não tem plateia nem teleprompter, o dispositivo que exibe textos a apresentadores de televisão e políticos em seus discursos.
Assista ao debate na íntegra (em inglês):